Foto: André Coelho Adriana Vasconcelos, em O Globo A primeira tentativa da Comissão de Direitos Humanos do Senado de retomar o debate e a apreciação do projeto de lei da Câmara que criminaliza a homofobia acabou em barraco.

Diante da mobilização feita pela bancada evangélica, tendo à frente os senadores Magno Malta (PR-ES), Marcelo Crivella (PRB-RJ) e alguns deputados como Anthony Garotinho (PR-RJ) e Jair Bolsonaro (PP-RJ), a senadora Marta Suplicy (PT-SP), relatora da matéria, preferiu tirar o assunto de pauta .

Mesmo tendo incluído em seu parecer uma emenda que impediria o enquadramento de religiosos em crime por se posicionarem em relação aos homossexuais em templos e igrejas, o relatório da petista não surtiu o efeito esperado junto aos evangélicos, que consideram o texto inconstitucional.

O clima pesado na sessão da CDH mostra como será difícil o Congresso Nacional avançar na aprovação de direitos em relação aos homossexuais, mesmo depois da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que reconheceu a união estável entre pessoas do mesmo sexo.

Nem mesmo o adiamento da discussão conseguiu acalmar os ânimos entre os defensores e críticos do projeto que criminaliza a homofobia.

A senadora Marinor Brito (PSOL-PA) perdeu a paciência com o deputado Bolsonaro, quando o parlamentar exibia um panfleto acusando o governo de estimular o homossexualismo em escolas de primeiro grau, enquanto a relatora do projeto concedia uma entrevista à imprensa. - Tira isso daqui!

Respeita! - gritou Marinor, batendo no panfleto que estava na mão de um manifestante evangélico. - Bata no meu (panfleto)! - provocou Bolsonaro. " Depois dizem que não tem homofóbico aqui!

Homofóbico!

Tu devias ir para a cadeia!

Criminoso!

Respeita! " - Eu bato!

Vai me bater?

Depois dizem que não tem homofóbico aqui!

Homofóbico!

Tu devias ir para a cadeia!

Criminoso!

Respeita!

Isso está sendo feito com dinheiro público!

Homofobia com dinheiro público! - retrucou Marinor aos berros, sob as vaias da claque que acompanhava Bolsonaro.

Surpresa com a reação da colega, a senadora Marta Suplicy pediu calma, mas como não foi atendida, acabou se afastando.

A senadora Marinor foi retirada do local sob a escolta dos seguranças da Casa. - Ela perdeu a razão.

Eu não falei nada.

Ela deu uma porrada em mim porque estava com um panfleto na mão divulgando uma cartilha do governo, que prega o homossexualismo nas escolas do primeiro grau.

Material didático pornográfico nas escolas do primeiro grau, com filmetes e inserções em livros didáticos de todas as configurações de gays, lésbicas e transexuais para molecada, meninos e meninas a partir de seis anos de idade - tripudiou Bolsonaro, quando a senadora saiu de cena.

Em seguida, acrescentou: - Ela agrediu!

Ela bateu em mim.

E eu sou homofóbico?

Ela é heterofóbica.

Não pode ver um heterossexual na frente dela que alopra!

Já que está difícil ter macho por aí, eu estou me apresentando como macho e ela aloprou.

Não pode ver um heterossexual na frente.

Ela deu azar duas vezes: uma que sou casado e outra que ela não me interessa. É muito ruim, não me interessa - afirmou o parlamentar sob aplausos de sua claque.