Por Jorge Zaverucha No dia 11 de setembro de 2001, a organização Al Qaeda perpetrou uma série de ataques em solo norte-americano.

Desde então, os EUA estão em contínua guerra de legítima defesa contra essa organização.

A Al Qaeda continuou a atingir novos alvos americanos, afora as ações que foram desmanteladas pelas forças de segurança dos EUA.

Nada mais apropriado, à luz do Direito internacional, que os EUA possam atacar seu inimigo sem pedir licença a ele.

Afinal, Osama bin Laden estava abertamente planejando novos ataques contra alvos civis e militares.

Alijá-lo da disputa era uma questão de salvar vidas inocentes -e não apenas norte-americanas.

Nas Torres Gêmeas, em Nova York, faleceram pessoas de várias nacionalidades, bem como nos atentados em Madri, em 11 de março de 2004, e no metrô de Londres, em 7 de julho de 2005.

Localizado o esconderijo de Bin Laden, a escolha que o presidente dos EUA tinha a fazer era entre duas alternativas: não tomar qualquer atitude efetiva ou fazer algo que poderia ser questionável, por alguns, em termos morais e legais.

Creio que a decisão de Obama de usar a razão de Estado para atacar o esconderijo de Bin Laden foi mais satisfatória do que se nada tivesse feito.

Como comprova a reação da população de seu país.

A expressão razão de Estado significa o uso da força para a conservação do poder político e da segurança de determinada coletividade humana.

A corajosa decisão de Obama foi tomada em contexto de desconfiança sobre a lealdade do serviço de inteligência paquistanês (ISI).

Sabe-se que o ISI esteve envolvido em ações terroristas perpetradas, na Caxemira, pelo grupo jihadista paquistanês Lashkar e-Taiba, além de estar amparando a insurgência talibã no Afeganistão.

O fato é que a operação “Geronimo” resgatou a credibilidade tanto da força especial como do serviço de inteligência norte-americano, até então desacreditados em operações dessa magnitude.

O comando especial da Marinha (Seal) cumpriu a missão que lhe foi acreditada, usou grande poder de fogo, demonstrou acuidade e autoconfiança, além de não ter sofrido baixa humana.

A ação perpetrada contra Bin Laden reforça a nova doutrina de luta contra o terror iniciada por Israel.

O governo israelense alega que não se deve fazer uma diferenciação entre o escalão político e o operativo (“militar”) de uma organização terrorista.

Quem decide deve também ser punido.

Essa foi a lógica usada para eliminar os líderes islâmicos Ahmed Yassin e Abdel Aziz Rantisi, cofundadores da organização Hamas.

Tal lógica não foi bem recebida, na época, pela comunidade internacional.

Mas, agora, com a morte de Bin Laden, parece ter ocorrido uma mudança de opinião.

O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, demonstrou apoio à operação norte-americana, e isso deve influenciar o Conselho de Segurança da ONU.

Winston Churchill lembrava que “a coragem é a primeira das qualidades humanas porque é a que garante todas as demais”.

PS:JORGE ZAVERUCHA, doutor em ciência política pela Universidade de Chicago (EUA), é professor da Universidade Federal de Pernambuco e pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia/ Instituto de Estudos Comparativos em Administração de Conflitos.

Publicou recentemente o livro “Armadilha em Gaza - Fundamentalismo Islâmico e Guerra de Propaganda contra Israel”.