Foto: Eliária Andrade/ O Globo Por Fábio Fabrini, Adaury Antunes Barbosa e Sérgio Roxo, em O Globo.com Alvo de denúncias de recebimento irregular de diárias, a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, enfrentou uma série de críticas em um encontro com artistas realizado na tarde desta terça-feira, na Assembleia Legislativa de São Paulo.
Um dos mais contundentes nos ataques à gestão de Ana de Hollanda foi o diretor de teatro José Celso Martinez Corrêa.
A ministra, por sua vez, disse ser vítima de “fofoca” e “boato”.
No final, saiu sem dar entrevista, escoltada por policiais militares. - O ministério trabalha de uma forma muita intensa.
Nas notícias que estão sendo veiculadas aí pela imprensa, (têm) muito boato, muita fofoca, muita informação completamente equivocada que não tem o menor fundamento.
São fatos que estão querendo criar, mas que não correspondem ao que está acontecendo na realidade.
Nosso trabalho está muito positivo - afirmou Ana de Hollanda, em sua primeira fala no encontro.
Quando chegou, a ministra deu uma rápida entrevista e foi questionada se deixará o cargo: - Claro que não - respondeu.
Ela também destacou que a Controlaria Geral da União (CGU) não a obrigou a devolver o valor recebido pelas diárias nos dias em que estava de folga no Rio. - Não tem nada ilegal, foi só uma recomendação.
Quando os participantes do encontro começaram a falar a ministra passou a ouvir uma série de ataques ao seu trabalho.
Foram criticados o congelamento de verbas para a área, a gestão do Iphan (instituto que cuida do patrimônio histórico) e a atuação do ministério com relação ao Ecad, órgão independente que arrecada e distribui direitos autorais.
A presidente da Federação das Cooperativas de Música do Rio, Janine Durand, leu um manifesto endereçado à presidente Dilma Rousseff com afirmações de que a atual ministra tem uma atuação em oposição ao que foi feito pelo antecessor, Juca Ferreira, no governo Lula. - Frustrando aqueles que viam no simbolismo da nomeação da primeira mulher ministra da Cultura do Brasil a confirmação de uma vitória, essa gestão rapidamente se encarregou de desconstruir não só as conquistas da gestão anterior, mas principalmente o inédito, amplo e produtivo ambiente de debate que havia se estabelecido.
Ao tomar a palavra, a ministra se limitou a dizer que não responderia ao manifesto porque ele era endereçado a Dilma e não a ela. - Nós queremos que a Ana continue, mas para você continuar não pode ignorar essa carta que acabou de ser lida.
Você não pode passar a bola para a presidente Dilma - afirmou o diretor Zé Celso, aplaudido pela plateia.
Para defender a ministra, entraram em ação os deputados estaduais do PT, que estavam presentes.
Entre eles, o presidente nacional da legenda, Rui Falcão. - Queria trazer para ministra, em nome do Partido dos Trabalhadores, toda a nossa solidariedade - afirmou Falcão A ministra deixou a Assembleia escoltada por um grupo de policiais militares e não pôde ser questionada sobre o fato de a sua sobrinha, a cantora Bebel Gilberto, ter recebido autorização para captar R$ 1,9 milhão pela Lei Rouanet.
Na saída, os PMs empurraram jornalistas e houve confusão.