Na avaliação dos usineiros, a produção de cana de açúcar será radicalmente prejudicada por conta de mudanças realizadas no relatório do novo código florestal na última semana.
Eles reclamam que o Governo Federal negociou estrategicamente a retirada dos artigos 24 e 25 do texto original para tentar colocar em votação a pauta.
Entretanto, estes artigos, que já haviam sido aprovados pela comissão especial da Câmara dos Deputados, garantem a continuidade da produção de cana e outras culturas consolidadas desde 2008.
De acordo com o presidente da União Nordestina dos Produtores de Cana (Unida), Alexandre Andrade, o setor sucroenergético brasileiro, principalmente o da Região Nordeste, foi pego de surpresa.
Na última segunda-feira (2), o deputado Aldo Rebelo retirou os artigos na esperança de iniciar a votação do código.
Entretanto, esta exclusão inviabiliza a produção de culturas semi-perenes, dentre elas, a cana de açúcar. “A produção nordestina de cana e banana estão seriamente ameaças”, acredita.
De acordo com os produtores, com a retirada dos artigos, admite-se apenas a produção das culturas lenhosas perenes, atividades florestais e pastoreio.
Porém, segundo Andrade, não existe justificativa técnica para tal medida, porque a cana de açúcar é uma gramínea como as pastagens, e tem um sistema radicular denso que evita a erosão do solo. “O Nordeste será bastante prejudicado, pois as áreas de cultivo da matéria prima do açúcar e etanol são seculares na região”, conta, ressaltando que é uma irresponsabilidade socioeconômica, a mudança da proposta aprovada na comissão especial. “A votação do novo código florestal foi adiada para esta semana.
Espero que revejam a situação”, diz Andrade.
Os usineiros estão trabalhando junto à bancada dos deputados nordestinos e ruralistas para buscar o reinclusão dos artigos 24 e 25, ou a inclusão das culturas semi-perene no relatório. “Acredito que vamos resolver esta pendência, mas, de qualquer forma, já temos uma emenda pronta e assinada por três lideres de partido para encaminhá-la para votação”, adianta.
Ele informa que, a partir de hoje (9), os dirigentes da Unida estão de vigília em Brasília, acompanhando todos os processos.