Integrante do grupo de mais de mil famílias, que estava morando na invasão de Curcurana, Jaboatão dos Guararapes, a vendedora de salgados, Maria José da Conceição, 30 anos, mãe de dois filhos,diz ter sido enganada pelo líder do Movimento Sem Terra (MST), em Pernambuco, Arão Bezerra da Silva.
Na noite desta sexta-feira (06/05), ela se dirigiu à delegacia de Plantão de Prazeres onde prestou queixa contra o líder, alegando que ele cobrava uma taxa de R$ 10,00, e depois passou a cobrar R$ 50,00, para conseguir na Prefeitura a doação do terreno para os moradores.
A denúncia também envolveria o nome de um suplente de vereador de Jaboatão, Fernando Messias Meu Povo (PRB).
Segundo a vendedora, ele fez um cadastro de todos que moravam no local. “Ele fez um cadastro lá, esse cadastro ele pegou identidade, CPF, título, até cartão de vacina das crianças ele pedia, porque ele disse que era para fazer o cadastro pra levar pra Prefeitura de onde a gente ia ganhar lá (o terreno), ai começava a cobrar”, contou.
Depois do cadastro pronto ele voltava para pegar o dinheiro “depois ele ia lá pegar esse dinheiro que era R$ 10, ai depois passou pra R$ 50.
Eu cheguei a pagar R$ 10, mas R$ 50 não porque eu não tinha condições.
Todo mundo pagava, os mil e tantos de famílias que tinham lá, todo mundo pagava esse dinheiro a ele”, afirmou. “Ele dizia que em Barra de Jangada, tudo aquilo era invasão, e que ninguém tinha a posse do terreno.
Ele prometeu que ia fazer o inédito, que a gente ia ter a posse daquelas terras”, completou.
A cobrança teria começado a ser feita em 18 de fevereiro.
A jovem Maria José da Conceição contou ainda que nas cheias do ano passado (2010), a cidade de Catende, onde ela morava, foi atingida pelas enchentes.
Diante dessa tragédia, ela resolveu morar em Jaboatão, no bairro de Dom Helder.
Mas como os custos de aluguel eram altos, ela soube da invasão de Curcurana, e foi para o local, com a intenção de fixar residência.
Segundo Maria José, a retirada dos invasores foi pacífica e a Prefeitura ajudou com a disponibilização de caminhões para auxiliar as famílias na retirada dos pertences.
A ação de desocupação da área de preservação ambiental foi impetrada pela Polícia Militar, cumprindo determinação judicial expedida em março pelo juiz Jader Marinho, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Jaboatão.
Além do processo de demolição, movido pela Prefeitura de Jaboatão, há ainda um processo de reintegração de posse movido pelos proprietários da área.
Na manhã de ontem, mais de 600 PMs acompanharam os dez oficiais de justiça para garantir a saída pacífica de todos.
A Polícia Militar de Pernambuco retirou cerca de mil famílias que invadiram uma área de preservação ambiental de propriedade privada, em Curcurana.
A ação começou nesta sexta-feira (06/05), às 5h da manhã.
Segundo o procurador geral do município, Henrique Leite, a Prefeitura entrou com a ação por três motivos principais. “Primeiro, essa é uma área de preservação ambiental e os invasores estavam destruindo a área do mangue, derrubando árvores, e área de mangue é de preservação constante; segundo estava começando um processo de favelização, não havia planejamento urbano e terceiro, as pessoas estavam em uma situação subumana, sem saneamento, em uma área de alagamento constante”, diz.
Henrique Leite explica que a Prefeitura negociou com as famílias, desde a expedição do mandado de demolição, para que saíssem voluntariamente.
Como não houve exito o juiz encaminhou o mandado para a Polícia Militar. “A situação estava se agravando, eram mais de mil famílias vivendo de forma subumana, muitas delas dentro d’água, sem saneamento.
Sem falar que essa é uma área de preservação ambiental, muitas áreas de mangue foram totalmente devastadas para a construção dos barracos”, completa.
Segundo o Coronel Dennys, comandante do 6º Batalhão de Polícia Militar, responsável pela segurança do município, foi utilizado um efetivo de 600 homens do 6º Batalhão e de Batalhões da Capital e da Região Metropolitana, além de policiais do Choque, Rocam, Cpcans e Cavalaria.