Da Agência Brasil Um mês depois da tragédia que matou 12 crianças na Escola Municipal Tasso da Silveira, parentes e amigos fizeram uma homenagem às vítimas e lembraram da dor de perder alguém muito próximo.
Alguns pais não conseguiram ir à manifestação de hoje (7) pela manhã e foram representados por parentes.
O padrinho de Laryssa da Silva Martins, 13 anos, Gerson da Silva Guilherme, representou a família da vítima na manifestação.
Ele disse que o momento ainda é de muita dor. “A dor não passou um minuto.
Essa ferida não sara, não tem cura.
A mãe da Laryssa não tem lágrimas para chorar, mas você vê, pela fisionomia dela, que a tristeza impera no coração.
O pai ainda fala, desabafa, mas a tristeza, a dor é profunda.
Um mês depois me parece que essa ferida não vai cicatrizar nunca”, disse Gerson.
Adriana Maria da Silveira que perdeu a filha Luiza, de 14 anos, voltou hoje à frente da escola para participar da manifestação.
Abalada e chorando muito, ela disse que todos os sonhos da sua filha foram roubados. “Eu costumo dizer que eu perdi o ar que eu respiro.
O mundo ficou preto e branco.
Eu estou sem chão, sem direção. É a primeira vez que eu retorno, que eu estou na frente do colégio.
Eu não tinha voltado aqui desde a tragédia.
Eu costumava escrever que ela e o irmão [mais velho de 17 anos] eram o ar que eu respiro.
Nós já estávamos fazendo a festinha dela de 15 anos.
Era estudiosa e só ia da casa para a escola e dos cursos para casa”.
Adriana contou que não conseguiu mais retornar para casa e está morando com o filho mais velho na casa da mãe.
Ela disse que sua casa traz muitas recordações e que é impossível ver o quarto da filha, as roupas e os cadernos da escola sem se emocionar.
O juiz trabalhista Marcelo Alexandre da Costa Santos, 40 anos, ferido junto com o filho e a enteada ao tentar voltar de uma blitz da Polícia Civil na estrada Grajaú-Jacarepaguá, no dia 2 de outubro do ano passado, veio prestar solidariedade às famílias da tragédia de Realengo. “Eu sei o que é estar entre a vida e a morte.
Eu sei o que isso significa e os traumas que vêm depois.
A passeata em si é um ato simbólico.
As vítimas da violência se tornam invisíveis e mudas.
Essa é a verdade mais pura.
Então será que a gente não pode dar voz a essas pessoas e alguém de verdade ouça?
Eu estou nessa situação há sete meses e até hoje ninguém lá em casa dorme direito.
Até hoje meus filhos choram.
Até hoje eles não saem à noite porque morrem de medo.
Isso é um trauma que fica e que fica para sempre.”