Foto: Ailton de Freitas O Globo Os parlamentares do PSOL e do PV vão utilizar todos os dispositivos possíveis do regimento interno para adiar a votação do Código Florestal na Câmara .

Os partidos argumentam que o texto beneficia apenas o setor do agronegócio, não integra os pequenos agricultores, aumenta o risco de desmatamento e concede anistia a quem infringiu a legislação ambiental.

Já o relator da proposta, o comunista Aldo Rebelo, disse que pode mudar o texto do novo código antes da votação desta quarta-feira. - Esse não é o relatório dos pequenos, é o relatório dos grandes, dos grandes fazendeiros, da CNA, daqueles que já estão bem aquinhoados.

Os pequenos precisariam, sim, de proteção do Estado, eu concordo: pagamento por serviços ambientais, assistência técnica, crédito; e, inclusive, base científica para melhorar sua produtividade agrícola - não deixando que o Brasil continue com a pior produtividade pecuária no mundo - disse o deputado Ivan Valente (PSOL-SP).

O plenário da Câmara aprovou, na noite de terça-feira, por 399 votos a favor o pedido de urgência para que a reforma do Código Florestal seja votada.

Dos 418 deputados presentes, apenas 18 votaram contra e um se absteve.

Somente o PV e o PSOL votaram contra. - Em nome do bom processo legislativo, não queremos essa urgência.

O que é urgente é agir com consciência, o que é urgente é não achar que reserva legal é confisco de propriedade - argumentou o líder do PSOL, deputado Chico Alencar (PSOL-RJ).

O relator do novo Código Florestal, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), disse na manhã desta quarta-feira que os pontos que colocou no texto não são dogmas e que pode alterar o relatório até o início da votação no plenário da Câmara, que acontece à tarde .

Aldo se reúne com o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP) e com outros petistas para discutir a possibilidade de fazer uns últimos ajustes. - Enquanto este relatório poder ser aperfeiçoado, eu vou aperfeiçoá-lo.

Isso não é um dogma - disse o deputado em entrevista à Globo News.

Aldo falou ainda sobre a distância de mata ciliar que deve ser mantida ao lado das margens dos rios. " Enquanto este relatório poder ser aperfeiçoado, eu vou aperfeiçoá-lo.

Isso não é um dogma " - (Essas exigências de metragem de mata que deve ser mantida nas margens) Foram inventadas por ambientalistas ignorantes no Brasil - disse ele, afirmando que isso deveria depender do tipo solo e da natureza do terreno.

Atualmente, a lei diz que os pequenos agricultores devem manter 30 metros de mata ciliar - uma área de preservação permanente (APP) -, em casos em que o rio tenha até 10 metros de largura.

O novo projeto propõe que essa distância seja encurtada para 15 metros, nos casos em que a área de preservação já esteja ocupada.

Para novas propriedades e propriedades em que a área esteja livre, fica mantida a distância mínima de 30 metros.