Por Terezinha Nunes Secretário de cultura da Paraíba, o cantor e compositor Chico César desencadeou um interessante e responsável debate sobre o uso de recursos públicos nesta época de São João para favorecer o que chama de “ bandas de forró plastificado” que nada têm a ver com o autêntico ritmo nordestino, imortalizado pelo pernambucano Luis Gonzaga.

Há poucos dias, ele anunciou que este ano na Paraíba nenhum recurso público vai ser empregado para custear este tipo de atração.

Dizendo que também não vai proibir estas bandas, porque aí estaria discriminando, afirmou em alto e bom som: “Quem quiser tê-las que as pague.

Apenas isso.

O Governo do Estado não pretende pagar duplas sertanejas e nem pretende pagar forró de plástico”.

Não demorou para que o cantor e compositor pernambucano Alceu Valença soltasse uma nota em solidariedade a Chico César, atacado por produtores dessas bandas.

Alceu defende a mesma tese de Chico, contrária ao uso de recursos públicos para esse tipo de atração, e sentencia que “festas de São João, São Pedro e carnaval, que no Brasil adquiriram status extraordinariamente significativo, têm sido vilipendiadas com a adesão de pretensos agentes culturais alienígenas, sem o menor compromisso com a identidade do nosso povo”.

Cita que ouviu de Luiz Gonzaga, no hospital, “não deixe meu forrozinho morrer” e sugere que se depender de Chico César isso não vai ocorrer.

Além das músicas dessas bandas serem de gosto duvidoso,elas embutem frases preconceituosas e até palavrões nas letras de suas músicas. “São bandas que fazem sucesso às custas do jabá (dinheiro público) e da apologia à violência, desrespeito à mulher, discriminação de minorias e traduzem baixarias em refrões fáceis de gravar” afirma o secretário de cultura do município paraibano de Areia, Ney Lopes, citado esta semana pelo colunista do JC, Marcelo Pereira.

O alerta dado por Chico César e ecoado por Alceu Valença certamente vai dar o que falar aqui também em Pernambuco onde essas bandas fazem sucesso não só nas festas juninas mas o ano todo.

Não se sabe até que ponto vão ter suas apresentações custeadas por recursos públicos municipais, estaduais ou federais mas seria de bom tom que pelo menos se fizesse um levantamento sobre o que o Governo vai gastar com atrações genuinamente pernambucanas e com este forró plastificado que, sem dúvida alguma, caiu no gosto da juventude.

O ano passado a Prefeitura de Caruaru tentou fugir dele determinando que no São João só se admitiriam atrações culturais divulgadoras do autêntico forró mas as reclamações foram tantas que este ano o município recuou e abriu brechas para essas bandas se apresentarem.

Como lembrou Chico César e falou Alceu Valença não se pode proibir a música de mau gosto sob pena de causar discriminação mas, como faz a Paraíba, limitar o uso de recursos públicos para sua exibição na época junina é algo que pode ser pensado e discutido também por aqui.

O ideal seria que estas bandas passassem por um processo de profissionalização, da mesma forma que se deu com a axé music baiana, e que, ao invés de se fixarem nas festas juninas, fossem utilizadas na realização de micaretas (ou um outro nome mais adequado) custeadas por empresas privadas, patrocinadoras desses eventos, e realizadas em outra época do ano, contentando a juventude e favorecendo o turismo.

A época junina seria – pelo menos no que se refere a eventos públicos – dedicada ao forró tradicional, favorecendo a autêntica cultura pernambucana e os forrozeiros estaduais, cantores e compositores da melhor qualidade.

Incentivados pelo poder público eles, certamente, carreariam, pelo exemplo, centenas ou milhares de adeptos, fazendo com que novos mestres como Luiz Gonzaga surgissem para elevar ainda mais o nome de Pernambuco no cenário musical brasileiro.

CURTAS Arena da Copa - Os Ministérios Públicos Federal e Estadual e o TCU estão questionando a PPP, formada pelo Governo do Estado com empresas privadas, para a construção da Arena da Copa.

Como informou esta quinta o JC, estes órgãos estão expondo suas dúvidas sobre a possibilidade de o Estado, que está conseguindo empréstimos junto ao BNDES para a construção do novo estádio, vir a ter prejuízos futuros caso o local se torne um Elefante Branco, ou seja, não consiga sobreviver só com a realização de jogos ou shows.Este assunto foi levantado nesta coluna há cerca de um mês e rechaçado pela secretaria responsável pela obra.

Coligações – Se a Reforma Política se restringir à proibição de coligações proporcionais – único ponto de um certo consenso até agora – os maiores prejudicados serão os grandes partidos.

A não ser que se tome de uma vez por todas uma medida para inibir os pequenos partidos, transformados em legendas de aluguel.

Se esses continuarem formando suas chapinhas, as grandes legendas não vão conseguir votos suficientes para formar grandes bancadas.

E sem poder se coligar entre si, pior ainda.

Gastos – Apesar de não se ter nenhuma evidência de melhoria da eficiência na máquina pública, os gastos com pessoal no Governo Lula – incluindo os cargos comissionados – aumentaram 80%, segundo levantamento do jornal O Globo.

Passaram de R$ 74 bilhões em 2002 para R$ 184 bilhões no ano passado.

Só com os terceirizados – contratados sem concurso- o aumento foi de 245%.

Quanto aos comissionados há ministérios como Desenvolvimento Agrário e Pesca em que eles representam 60% do total de funcionários.