Por Maria Lima e Isabel Braga, em O Globo.com A presidente Dilma Rousseff deve sofrer uma derrota na escolha do novo presidente do PT.
Nome apoiado pelo Planalto, o líder do partido no Senado, Humberto Costa (PE), anunciou nesta quinta-feira, na reunião da Executiva do partido, que não aceita disputar o cargo e que optou por continuar na liderança.
Com a desistência de Costa, o único nome cogitado é o do vice-presidente e presidente em exercício do PT, Rui Falcão, que tem apoio do grupo de José Dirceu.
Rui Falcão ficou desgastado com Dilma desde a campanha, quando se envolveu no escândalo dos arapongas que vazaram informações sobre o sigilo fiscal de José Serra.
Na época, houve denúncias de que, por causa de disputas internas de poder na campanha, Falcão estaria por trás do vazamento que acabou isolando o hoje ministro da Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, amigo pessoal de Dilma.
A reviravolta que deixou o nome de Falcão como o mais provável para o comando do partido aconteceu depois de uma reunião na quarta-feira à noite, em um restaurante de Brasília, com os principais dirigentes do partido e da corrente majoritária Construindo um Novo Brasil (CNB).
Segundo relato de participantes da reunião, os insatisfeitos do PT com a perda de espaço no governo querem dar uma resposta à presidente Dilma. - O maior problema para o PT agora não é quem será o novo presidente.
O maior problema do PT hoje é a composição do governo.
O PT não está dividido em tendência, está dividido entre os que estão satisfeitos e os que estão insatisfeitos com o governo - revela um dos integrantes da Executiva Nacional .
Se a decisão for mesmo por Rui Falcão, repete-se a mesma situação da presidência da Câmara, em que a bancada rejeitou o nome do Planalto, que apoiava Cândido Vaccarezza, e elegeu Marco Maia.
Com a esperada renúncia de Dutra na reunião do diretório, na sexta-feira, o estatuto do PT diz que o diretório tem até 90 dias para eleger o seu substituto.
Existem duas alternativas: Rui Falcão pode ser eleito ou ficar como interino até o Congresso extraordinário do partido que acontece em setembro.
Dilma procurou saber detalhes do quadro de saúde de Dutra Na semana passada, Dilma se reuniu com Humberto Costa para saber detalhes do quadro de saúde de Dutra.
Disse que queria visitá-lo no Rio esta semana, mas o presidente petista chegou mais cedo a Brasília, e o encontro acabou antecipado.
Dilma defendia a permanência do amigo no cargo, com uma licença médica mais prolongada, mas ele alegou que não queria que a agenda do partido ficasse em suspenso em função de seu tratamento médico, que pode se estender para mais de 180 dias.
No encontro com Humberto Costa, Dilma mandou dizer a Dutra que ficasse tranquilo porque não estava sozinho e que ela precisava dele onde estivesse.
Mesmo com a renúncia de Dutra prevista para sexta-feira, Dirceu defende mais tempo para a escolha do sucessor. - Não se esqueça que tem o Congresso Extraordinário do PT em setembro.
O Rui pode continuar na presidência até lá - disse Dirceu.
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