Do site da Veja Fernando Henrique Cardoso está de volta.

Não veio fazer campanha eleitoral ou mediar conflitos partidários.

Ainda assim, seu ressurgimento refletirá na organização do PSDB para as eleições de 2014 e pode inspirar os tucanos a se preocuparem um pouco mais com propostas para o desenvolvimento do Brasil.

FHC retoma a palavra em um PSDB cindido e calejado após três derrotas seguidas nas urnas.

O retorno dele à cena pública vem sendo articulado desde a derrota de José Serra nas eleições do ano passado.

A ex-ministros com quem costuma se reunir, deu o recado: não permitiria mais omissão em relação ao seu governo.

Na campanha, Serra falou mais de Luiz Inácio Lula da Silva do que de Fernando Henrique.

A mística criada em torno da popularidade de Lula amedrontava os opositores.

Foi assim também na campanha de Geraldo Alckmin, em 2006.

Hoje, os tucanos admitem o erro, apesar de o associarem a uma mera falha de marketing. “Não posso agora reavaliar as estratégias de campanha, mas hoje não há mais dúvida sobre a importância da participação de Fernando Hernique”, afirma o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, que coordenou a campanha de Serra em 2010. “O PSDB não foi capaz de desenvolver estratégias corretas de comunicação.” O historiador Marco Antonio Villa, da Universidade Federal de São Carlos, relaciona o resgate de FHC ao desempenho dos tucanos nas urnas após o governo dele. “As sucessivas derrotas do PSDB recolocaram Fernando Henrique no primeiro plano do partido.

Se Serra tivesse ganhado, FHC estaria na prateleira.” Chacoalhada – Renegado durante as eleições, o ex-presidente começou 2011 sendo elogiado diante de uma plateia de 3.000 pessoas no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, na posse de Geraldo Alckmin.

O governador lembrou os feitos econômicos do governo FHC. “Vamos deixar a modéstia de lado.

O presidente Fernando Henrique mudou o Brasil”, disse Alckmin.

Em 2006, o mesmo Alckmin posou para fotógrafos vestindo boné e jaqueta cobertos de logotipos de empresas públicas, para rebater as acusações de Lula de que seria privatista.

As privatizações tiveram impulso no governo Fernando Henrique e resultaram em eficiência e popularização de serviços. “Alckmin deveria ter tirado um celular do bolso e dito aos eleitores que eles também tinham o aparelho graças à privatização da telefonia feita por Fernando Henrique”, analisa o sociólogo Humberto Dantas, doutor em Ciências Políticas pela Universidade de São Paulo.

A virada de FHC se deu em fevereiro, no primeiro programa partidário do PSDB após a derrota de 2010, apresentado por ele.

De microfone em punho, Fernando Henrique sentenciou: “É preciso dar uma chacoalhada nos partidos, começando pelo meu, pelo PSDB.” E, por meio de um artigo acadêmico, o líder tucano fincou os dois pés no cenário político na última semana.

Recomendou à oposição preocupar-se mais com a classe média e reclamou, com todas as letras, do descaso dos colegas de partido em relação ao seu legado de oito anos de governo. “O patrimônio deixado por Fernando Henrique ao Brasil não foi defendido como deveria”, admite o senador pelo PSDB Álvaro Dias.

Para o sociólogo e ex-deputado federal pelo partido Arnaldo Madeira, os tucanos não compreendiam o legado de FHC. “Ele fez um grande governo mas nunca teve nas campanhas quem o defendesse.

Nem durante o governo FHC houve uma defesa convicta das ações dele por parte do partido.” Leia íntegra aqui