Gabriela Bezerra e Paulo Augusto, do Jornal do Commercio Acreditando que na vida “principalmente na pública” é importante saber a hora de sair, Fernando Lyra deixou a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), na última segunda-feira, após oito anos na presidência da instituição.

Agora sem ocupar cargos públicos, o ex-deputado federal e ex-ministro do governo Sarney se encontrou numa antiga atividade: dar pitacos na política.

Tido por muitos como um hábil articulador político sendo, inclusive, um dos responsáveis pela candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República , Lyra concedeu entrevista ao JC na última quinta-feira.

Na conversa, falou sobre diversos temas.

Elogiou o governo Dilma, fez duras críticas aos partidos políticos e defendeu a necessidade da reforma política.

PARTIDOS “Eu tenho a tese que nunca houve nem haverá partidos políticos no Brasil.

Hoje, você tem alguns realmente com formação ideológica, como o PSB.

São exceções.

Você vê que não tem partido.

Quem são os militantes?

A militância partidária no Brasil está zerando.

Hoje são tendências e só.

Não tem mais a militância e não há um processo dos partidos, porque não são partidos, para se entrosarem com a juventude.

Você conversa com um jovem hoje e ele fala sobre tudo, menos sobre política.

Não há nenhuma conscientização na juventude brasileira com o processo político.

Ninguém quer saber.

Você tem que se adaptar à sua realidade.

A mobilização em torno da Ficha Limpa foi uma tentativa de resgate dessa conscientização.

Foi importante, mas eu acho que tem que ser uma coisa mais contínua.

E a reforma política precisa disso (de mobilização popular) também.

Inclusive, tem muito ‘ficha suja’ decorrente das falhas desse processo eleitoral.

Agora só se fala na eleição de 2012.

Mas quem está falando?

São os políticos, com seus interesses pessoais.

O povo está se lixando.

Nós estamos atravessando uma fase de apatia política popular nunca existente no Brasil.

Eu falo isso aqui, mas entusiasmo mesmo eu não tenho.” PT ‘O PT não é um partido, nunca foi.

O PT é um conjunto de tendências e é por isso que ele defende a lista (voto em lista fechada, na reforma política).

O PT não tem liderança.

Fora Lula, que está fora, que é extra, quem é o líder do PT hoje?

E por que o PT não é um partido?

Porque o PT foi criado pelos operários do ABC paulista, que naquela época não tinham nada a ver com o operariado brasileiro, com o apoio da intelectualidade da época, que não tem nada a ver com os operários, e com o apoio da base da igreja, de (o papa) João XXIII, que não tem nada a ver com os intelectuais nem com os operários.

A partir daí, ele começou a formar tendências da base operária, da base intelectual e da base da igreja e foi crescendo.

Foi crescendo por falta de opções e Lula deu ao PT essa grande coisa que foram as vitórias e o governo dele.

Ele é 10 vezes maior do que o partido.

Tanto é verdade que ele foi buscar Dilma para ser candidata a presidente da República, porque nenhuma liderança do PT, naquela época e nem hoje, tem condições de ser presidente.

E Dilma não é PT, Dilma é Lula.

E pra quê esse partido quer fazer lista?

Porque ele tem o nome, por causa de Lula.

Para disputar com os outros que não têm nome.

Quem danado sabe o que é PSC?

Quem é que sabe o que é PPS?

Quem é que sabe o que é PRTB?

Quem é que sabe o que é PMN?

Quem é que vai votar em PMN?

Ninguém sabe o que é o PSDB.

Você tem nomes, mas você não sabe o que é que é.

Porque o PSDB não existe.

O PSDB hoje é quem? É de um lado Aécio, do outro lado Serra e no meio Alckmin.

Pronto, acabou.

Não tem mais nada." Leia mais no JC