Por Terezinha Nunes No dia 15 de outubro de 2010 o Brasil inteiro viu a festa-acampamento que o presidente Lula, acompanhado da então ministra e já candidata Dilma Rousseff, de governadores, ministros, 150 funcionários federais e 26 jornalistas, entre eles correspondentes no Brasil do The Economist, Der Spiegel, Le Monde e BBC, patrocinou no distrito de Porto da Barra, no município pernambucano de Sertânia, em comemoração às obras da Transposição do Rio São Francisco.

Não era para menos.

Enquanto a comitiva se refestelava, saboreando, durante o jantar , camarão, filé, salada, risoto de parmezão e purê de alho poró e assistindo a um show do compositor Maciel Melo, 2.700 operários e centenas de máquinas se movimentavam dia e noite nos dois canteiros de obras de Sertânia: o canteiro 12 – próximo à sede do município – e o 11, em Porto da Barra, onde o Planalto montou o acampamento para o presidente e comitiva.

Neste momento, 17 meses depois que o Brasil conheceu a “Coluna Lula”, uma corruptela da “ Coluna Prestes”, com batizaram alguns órgãos de imprensa, pois o presidente andou com seu séquito por vários estados vendo as obras da transposição, a situação é exatamente oposta.

A festa deu lugar à desolação.

Nos dois canteiros de Sertânia, onde o presidente, como está registrado nos jornais da época, pousou para fotografias ao lado de operários e de ministros como Gedel Vieira Lima, não há viv´alma para testemunhar o que aconteceu.

Os 2.700 operários foram demitidos, as máquinas desapareceram e , nos dois locais, apenas 20 vigilantes restaram empregados e lá se encontram para evitar depredação.

Em outros canteiros da transposição em Pernambuco e em outros estados do Nordeste, o panorama é o mesmo mas Sertânia virou símbolo da obra pois o presidente, além da festa que promoveu o município a notícia nacional, prometeu, em pronunciamento, inaugurar os dois trechos citados antes de deixar o Governo.

As pessoas que investiram em restaurantes, pousadas, ou construíram casas para alugar aos trabalhadores da obra, vivem reclamando do prejuízo e esperando alguma notícia sobre a continuidade do trabalho.

Toda dia um boato se espalha sobre uma nova data mas logo depois é desfeito.

A desmontagem total dos dois acampamentos começou há dois meses e os operários já tomaram outro rumo.

Depois de recebida a indenização das construtoras viajaram em busca de outras oportunidades, deixando atrás de si a seca que já castiga o solo árido do município sertanejo e a esperança em dias melhores.

Ninguém mais quer apostar na obra.

Até porque, depois de eleita, a presidente Dilma, esqueceu a visita de pré-campanha, e só prometeu concluir a Transnordestina, outra obra iniciada por Lula no sertão.

Dilma não deu um pio sobre a Transposição.

Embora o canteiro da Transnordestina que existe em Sertânia também esteja com as obras paralisadas as pessoas nas ruas apostam que a presidente vai dar um jeito de retomar os trabalhos mas a Transposição é um enigma.

A Assembléia Legislativa de Pernambuco criou uma comissão de deputados para tentar conseguir a retomada das obras mas até o momento nada de concreto se conseguiu, além de promessas de empenho.

CURTAS Mais cara- A Arena da Copa, o estádio que Pernambuco está construindo para 2014, vai custar R$ 680 milhões.

Além dos R$ 400 milhões que o Governo do Estado conseguiu, de empréstimo, junto ao BNDES, para a sua construção, as empresas que fazem parte do Consórcio que vai construir e explorar o estádio por mais de 30 anos, acabam de conseguir mais R$ 280 também no BNDES para cobrir a sua parte no empreendimento.

Direita volver – Pelo que está se vendo do PSD, partido fundado pelo prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, o PT vai receber em sua base o restante da direita brasileira que ainda resistia a aderir ao partido.

Kassab levará para junto de Dilma, para se juntar a Sarney, Renan e companhia, entre outros, a senadora Katia Abreu, Afif Domingues e Cláudio Lembo.

Política de centro -Excelente a entrevista do cientista político Túlio Velho Barreto na Algomais deste mês.

Ele mostra que a política brasileira, seguindo uma tendência mundial, está rumando para o centro.

Deve ser por isso que o PT adotou a política econômica de Fernando Henrique Cardoso e está cada vez mais distante de partidos como PSOL e PSTU, esses verdadeiramente de esquerda.

Nas contas de Barreto até o PSB está mais para o centro do que para a esquerda.