Débora Duque, do Jornal do Commercio Apesar de contar com a maioria absoluta na Câmara Municipal, o prefeito do Recife João da Costa (PT) não deverá aprovar o projeto de reestruturação do organograma municipal com a agilidade esperada.

E os obstáculos surgem na própria base governista, que continua insatisfeita com a falta de informações relativas ao impacto financeiro da criação dos 115 cargos comissionados sobre os cofres públicos.

Reagindo às pressões do Executivo por maior celeridade, o vereador Carlos Gueiros (PTB), responsável pela relatoria da matéria na Comissão de Finanças e Orçamento, sinalizou ontem que não irá acelerar a tramitação do projeto enquanto a Prefeitura não enviar um relatório destrinchado sobre a origem dos recursos que serão deslocados para custear a reforma, orçada em R$ 4,1 bilhões para 2011.

E trouxe novos questionamentos sobre a proposta oficial.

A discussão veio à tona quando o vereador Osmar Ricardo (PT) subiu à tribuna da Câmara, ontem, para pressionar a Prefeitura pelo atendimento das reivindicações salariais dos servidores municipais.

Segundo o petista, o Executivo não cumpriu plenamente os últimos acordos firmados com a categoria, ao contrário do que acontecia na gestão anterior.

Gueiros, então, aproveitou a deixa para questionar se a administração possui, de fato, condições orçamentárias para honrar os compromissos estabelecidos com os funcionários e ainda arcar com a criação dos novos cargos, que serão distribuídos em áreas estratégicas como a Secretaria Extraordinária da Copa e a Empresa de Urbanização do Recife (URB).

Se está havendo dificuldades financeiras para o cumprimento de acordos estabelecidos com os servidores, como vamos aumentar a receita criando novos cargos?

Precisamos de maiores esclarecimentos para sermos convencidos de que podemos aprovar o projeto, assinalou.

O petebista também alega que, ao estimar os novos custos, a Prefeitura não considerou os reajustes salariais que deverão ser concedidos aos novos quadros anualmente.

Além disso, ele contesta o quantitativo de cargos apresentado pela PCR.

De acordo com Gueiros, ao invés de 115, estariam sendo criados 164 novas vagas destinadas a funcionários comissionados, sob a justificativa de que, em contrapartida, 51 estariam sendo extintas.

Entretanto, o vereador alerta que 35 destes quadros são herança da gestão anterior e já têm sua extinção automática prevista pela legislação municipal, assim que forem desocupados.

Na prática, o prefeito João da Costa estaria tentando substituir parte dos comissionados ligados ao ex-prefeito João Paulo (PT) por profissionais de sua confiança.

Leia mais no JC