Pedras e balas Por Roberto Numeriano Atire a primeira pedra, E depois a primeira bala.

Dê asas ao gatilho, Rastilho de pólvora na cara.

Atire, Atire para todos os lados: Mate o medo; Mate a morte, desde cedo; Mate a si mesmo na Paz do travesseiro.

Mas atire certo: No bandido, se puder; Na mulher, pelo ciúme; Na fúria do trânsito; Nos passos da própria sombra.

Atire a primeira pedra, E depois a primeira bala.

Faça chover tiros Nos ônibus e dentro de casa.

Atire, Atire sem dó e piedade: Até que a bala perdida, Até que o desespero suicida Venha cobrar tua paz genocida.

Mas atire no alvo: Ele é preto ou é branco?

Ele é pobre ou é rico?

Ele é um homem, um bicho?

Será um demônio, um santo?

Atire a primeira pedra quem não traga, Em si, o pecado da ira.

Atire a primeira bala aquele que Nunca feriu, nem fira.

Recife, 10 e 11 de outubro de 2005 PS: Caro Jamildo, Fiz campanha contra a venda de armas de fogo, durante o referendo.

Venceram os lobistas da Taurus e outras empresas, além da bandidagem parlamentar aliada às indústrias da morte.

A violência, desde 2005, só aumentou.

Tanto quanto o lucro dessas empresas e desses criminosos.

Durante a campanha, fiz um poema que está mais do que atual sobre o que representa a arma de fogo nas mãos de todos, além dos bandidos.

Se puder, meu caro, peço postá-lo.

Nem que seja para aplacar a indignação daqueles que, como eu, continuam em campanha por uma paz que não seja apenas a dos discursos demagógicos das elites governantes e da velha direita, que adora balas e golpes.

Segue o poema.

Roberto Numeriano.