Da Câmara A maioria dos parlamentares da Câmara do Recife demonstrou na tarde desta terça-feira, 5, preocupação com os rumos da reforma política em andamento no Congresso Nacional.
O vereador Maré Malta (PPS), um dos primeiros a discutir o assunto na Casa, alertou aos colegas que os vereadores de todo o país estão sendo usados como cobaias da mudança. “A Comissão Especial do Senado acabou de aprovar a lista fechada para as próximas eleições proporcionais.
Isso significa dizer que o povo escolherá o partido e os ”donos do partido” escolherão quais os que serão “eleitos” e representarão a sociedade”.
Liberato Costa Júnior (PMDB) sugeriu que na próxima reunião plenária os vereadores possam alimentar a discussão no Congresso, observando que não há um único vereador participando da Comissão do parlamento federal. “Diversas entidades são acolhidas por essa Comissão, mas não há parlamentares municipais nela e quem conhece o povo, as filigranas das cidades são aqueles que participam de seu dia a dia”.
Carlos Gueiros (PTB) ressalvou que depois de décadas de Ditadura, os deputados e senadores querem impor um retrocesso político que tanto combateram criando a lista fechada. “Não seremos mais votados, os partidos é que serão, o povo vai ser obrigado a dizer que quer o PT, PTB, PPS e os donos dos partidos dirão quem ficará.
Isso é conveniente para eles”.
Almir Fernando (PCdoB) frisou que era vereador de segundo mandato e sempre que se quer mudar alguma coisa os vereadores são usados na experiência. “Os deputados pernambucanos procuraram o governador, mas ninguém procurou os vereadores.
Sou contra a lista fechada mesmo que eu seja o primeiro da lista de meu partido”.
Para Vicente André Gomes (PCdoB) a lista fechada é semelhante à escolha que se fazia na época das capitanias hereditárias. “Os partidos não serão fortalecidos por seus programas, porque suas práticas são diferentes.
Querem que a sociedade engula goela abaixo a escolha dos caciques.
Sugiro que se ampliem as audiências públicas e quem sabe criamos uma Comissão de vereadores que vá ao Congresso para que não se tire o voto nominativo”.
Sérgio Magalhães (PTC) lembrou que o assunto mexe com a classe política.
Ele disse que havia aprovado requerimento para trazer parlamentares à Casa para ampliar a discussão, mas segundo ele a “bancada composta pelos deputados Carlos Eduardo Cadoca, João Paulo e Augusto Coutinho, desfilou esta semana pela cidade, estive com o governador e outras autoridades e não deu sequer um telefonema ao presidente da Câmara, embora os três tenham saído desta Casa”.
O vereador sugeriu ainda que seja criada uma comissão de vereadores para ir a Brasília “pois se depender de nossos deputados não seremos ouvidos”.