Na semana passada, dois jornalistas, Carol Rocha (Agora) e Alec Duarte (Folha de S.
Paulo), foram demitidos por conta de comentários que fizeram em seus perfis pessoais no Twitter.
O caso é explicado na coluna da ombudsman da Folha de S.
Paulo, publicada no domingo (3).
Depois de ler tudo, participe da enquete ao final do post. “OMBUDSMAN SUZANA SINGER - ombudsman@uol.com.br @folha_ombudsman #prontofalei A BLOGOSFERA dá a qualquer um a chance de divulgar o que passa pela sua cabeça a todo momento.
No jornalismo, sem o filtro da edição, essa modernidade tem sido uma fonte de problemas.
Na quarta-feira passada, após o anúncio da morte de José Alencar, havia no Twitter: Repórter da Folha: “Nunca um obituário esteve tão pronto. É só apertar o botão.” Repórter do Agora: “Mas na Folha.com nada ainda… esqueceram de apertar o botão. rs” (risos) Repórter da Folha: “Ah sim, a melhor orientação ever.
O último a dar qualquer morte. É o preço por um erro gravíssimo.” Um diálogo ruim, de todos os pontos de vista. É insensível jogar na cara do leitor que há obituários prontos à espera do momento de publicação.
Não faz sentido um jornalista criticar, publicamente, um site da mesma empresa.
E não deixa de ser desagradável lembrar um problema recente -a divulgação errada, pela Folha.com, da morte do senador Romeu Tuma.
Em janeiro, um fotógrafo colaborador do “Agora”, que cobria as eleições para presidente do Palmeiras, escreveu: “Enquanto os porcos não se decidem poderiam mandar mais lanchinhos e refrigerante para a imprensa que assiste ao jogo do Timão na sala de imprensa”.
A reação foi rápida e violenta: ele apanhou de seguranças do time. É difícil convencer jornalistas de que suas contas no Twitter, Facebook ou Orkut não podem ser encaradas apenas como pessoais.
O repórter é seguido, curtido, recomendado, também como um representante do lugar em que trabalha.
Em um comunicado de 2009, que merece ser atualizado, a chefia da Redação lembrava que todos devem seguir os princípios do projeto editorial quando estiverem on-line.
Seria bom esmiuçar isso.
Jornalista não pode declarar voto político, xingar artistas, amaldiçoar o time de futebol rival, bater boca com leitores, expressar preconceito nem tentar obter vantagem pessoal (reclamar, por exemplo, do mau atendimento num restaurante para que saibam que ele é da imprensa). É muito limitante, mas o repórter precisa considerar que amanhã poderá ser cobrado por uma opinião “inocente”.
Em um plantão, alguém de Esporte pode ser designado para entrevistar determinado político.
E se ele tiver postado, dias antes, que o sujeito é um “corrupto contumaz”?
Quem mais luta pela liberdade de expressão precisa restringir a própria para não perder a razão”.
Você acha que jornalistas devem se ‘censurar’ em seus perfis pessoais?online survey