O prefeito de Itacuruba, Romero Magalhães, do PSB, é obsecado pela preocupação de encontrar alternativas econômicas para o pequeno município do sertão do São Francisco.

Depois que as terras agriculturáveis foram submersas pelo lago da Usina de Itaparica, não restou muita coisa a fazer, além da criação de tilápias.

Ao observar que as filhas iam todos os anos para Porto Seguro ou Chapada Diamantina observar estrelas, em programas escolares, o socialista vislumbrou a possibilidade de criar uma alternativa econômica com o turismo infantil pedagógico, embora hoje a cidade não conte com nenhum hotel.

Ao ler uma reportagem na Época dando conta que o governo Federal buscava um sítio para a instalação de um telescópio para estudo das galáxias, Romero Magalhães teve a certeza de que a astronomia poderia ser um diferencial para o lugar.

Com alta insolação, o município tem muitos dias de ceu aberto, ideal para o campo de estudos.

O socialista conseguiu convencer o pessoal do Observatório Nacional, depois de montar um dossiê, a ponto de já ter recebido investimento superior a R$ 1 milhão para a montagem e operação do telescópio principal (projeto Impactron), para monitoramento de corpos celestes em toda a América Latina.

Os outros dois observatórios que faziam parte do projeto, um da UFPE e outro municipal, um centro de visitação, compromissos assumidos pela Chesf, não chegaram a ser concluídos. “Há quatro anos a Chesf nos deve isto, através do Instituto Xingó.

Há equipamentos comprados no Recife que nunca foram repassados.

Temos o direito de sermos um centro de referência em astronomia e a Chesf deveria fazer algo mais para mostrar que não existem apenas problemas em assentamentos nas cidades da beira do lago”, desabafa o prefeito.

O engraçado na cobrança é que a Chesf é comandada pelo mesmo grupo político do prefeito, o PSB.

O centro de visitação teria um charme especial, por estar localizado na borda do lago, justamente no trecho em que o Rio Pajeú, depois de receber as águas do Riacho do Navio, desagua no São Francisco, como cantou Luiz Gonzaga. “O observatório do CEA é um compromisso da Chesf, deveria ser entregue entre 2004 e 2005.

Não posso nem assumir porque não foi repassado ao município.

Estamos de mãos atadas.

Eles nem resolvem nem nos dão satisfação alguma.

A Chesf também já atrasou a casa de apoio do telescópio principal.

Assumi e fiz em 70 dias, não podíamos perder o projeto” Sem desistir de seu sonho, Romero anuncia que em breve vai instalar um observatório solar, em parceria com o centro de estudos astronômicos.

Os alunos das escolas locais aprendem astronomia na grade curricular.