Por Terezinha Nunes Destacada, nacionalmente, através dos homens públicos que a governaram, alguns deles chegando a deixar o Palácio do Capibaribe e, de imediato, ocupar o Palácio do Campo das Princesas, como foram os casos, entre os mais recentes, de Joaquim Francisco e Jarbas Vasconcelos, a cidade do Recife também chegou a ocupar, nacionalmente, os primeiros lugares no ranking dos prefeitos de capitais mais bem avaliados do país.

O fato de a capital ter tido quase sempre excelentes comandantes fez com que alguns chegassem a levantar uma tese estapafúrdia: a de que seria fácil governar o Recife.

Nos últimos anos, porém, não só esta tese foi decididamente derrubada, como a cidade se viu mergulhada num debate absolutamente inútil e desrespeitoso para com seus habitantes.

Ao invés de se discutir projetos, obras e saídas para os gargalos que impedem o crescimento mais harmonioso da capital, assiste-se a uma completa degradação dos costumes políticos com uma disputa sem fim entre o ex-prefeito e o atual, onde os interesses próprios estão vários degraus acima do reservado a todos nós, reles mortais.

Estivesse a capital em boa situação, a querela entre os dois joões poderia até ser ignorada, no máximo servindo para alimentar o anedotário ou as boas charges dos nossos mestres cartunistas.

Mas não é o caso.

Enquanto os dois se desentendem não se sabe ainda por qual razão, embora sejam ambos do mesmo partido – o PT - a capital mergulha no mais profundo abandono e a população, incomodada, não sabe a quem recorrer.

Os problemas que os dois joões poderiam abordar começam pelo trânsito, quase parado após cerca de dez anos sem qualquer obra viária digna de porte.

A educação pública não fica atrás.

Nos últimos IDEBs – índice de Desenvolvimento da Educação Básica no País – o Recife melhorou alguns décimos, mas perde para capitais como São Luís e Teresina, embora ganhe de pouco para outras capitais nordestinas.

A área de saúde não tem melhorado.

Esta semana isso ficou claro em reportagem local sobre a Policlínica do Ibura, que foi vitrine do setor na década de 90, onde os médicos são raros e o atendimento está muito abaixo do minimamente aceitável.

Cortada por rios e canais – estes, em geral fétidos e entupidos de lixo – a capital, segundo pesquisa recente da Fundação Getúlio Vargas, tem apenas 47% dos seus habitantes beneficiados com rede de esgoto, perdendo para Salvador (87,7%) e Fortaleza (54,62%) o que por si só explica o grande percentual de doenças transmitidas pela água que infestam a população mais carente.

Pernambuco está crescendo, mas o Recife não acompanha este crescimento.

A taxa de desemprego da capital em fevereiro foi de 13,9%, uma das mais altas do país.

No Nordeste, embora estejamos um pouco melhor que Salvador (14,3%) perdemos feio para Fortaleza (7,8%).

Qual o plano da cidade para crescer nos próximos anos?

O que dizer de projetos abandonados como a revitalização do Recife Antigo?

E de equipamentos urbanos decididamente fora de uso como o Geraldão, que acaba de ser desclassificado para sediar campeonato de vôlei pois até o teto ameaça ruir?

O recolhimento de lixo claudica desde que o município se envolveu em um grande conflito em torno do assunto, de triste memória.

Obras como Via Mangue e Capitão Temudo andam a passos de tartaruga.

Claro que ainda há tempo de recuperar algumas coisas e dos dois joões afinal explicarem à população o que está acontecendo, mas quem vai pagar por esses dois anos em que temos visto mais problemas pessoais em discussão do que a vida da população sendo cuidada?

Um prefeito pode não ter recursos para grandes obras, para vôos mais altos, mas uma coisa não pode deixar de fazer: cuidar da cidade, como se fosse a sua própria casa.

Será que o recifense que sai todo dia de casa sente isso?

Ou não está sobressaltado com uma disputa que absolutamente não lhe diz respeito e que está sendo obrigado a suportar até ir às urnas, finalmente dizer o que acha de tudo isto?

CURTAS PMDB respira A exemplo do deputado federal Raul Henry, que conseguiu formar um grupo na bancada federal do PMDB, o senador Jarbas Vasconcelos ganhou novos aliados pemedebistas no Senado, além de Pedro Simon.

O grupo de senadores independentes tem quatro novos membros, entre eles Roberto Requião e Luís Henrique.

Alguns até apoiam a presidente Dilma mas todos fecham em torno da necessidade de preservar o direito dos dissidentes partidários.

Com isso, estão sepultadas de uma vez as chances de intervenção no partido em Pernambuco.

Eleição no Recife O senador Sérgio Guerra (PSDB) está de mangas arregaçadas em torno da eleição no Recife.

Defende o entendimento da oposição em torno de uma ou mais candidaturas mas tudo dentro de uma estratégia bem montada e antecipadamente acordada.

E está trabalhando para aumentar o grupo, como é o caso da presença nele, já garantida, do deputado federal Eduardo da Fonte (PP), um dos mais votados na capital nas últimas eleições.

Muribeca revisitada A Arquidiocese de Olinda e Recife, em parceria com a Prefeitura de Jaboatão dos Guararapes, vai instalar no distrito da Muribeca, naquele município, uma Fazenda da Esperança, iniciativa internacional da Igreja Católica para recuperação de dogrados.

No momento há 77 fazendas da esperança funcionando em diversos países.

Em Pernambuco, a de Jaboatão é a terceira.

A primeira fica em Garanhuns e a segunda em São Joaquim do Monte.