Em O Globo BELO HORIZONTE - Pela nona vez, o empresário Marcos Valério Fernandes se tornou alvo de denúncia do Ministério Público Federal (MPF) em Minas.

Ele e a mulher, Renilda Santiago, são acusados de vender um imóvel para escapar da ordem judicial de arresto (apreensão de bens do acusado) determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo que investiga o mensalão.

Os dois foram denunciados pelo crime de fraude processual.

Se condenados, estarão sujeitos a pena que varia de seis meses a 4 anos de prisão.

O advogado de Valério nega a acusação.

Em 2005, o procurador-geral da República, Antônio Fernando de Souza, pediu e foi atendido pelo STF em seu pedido de bloqueio e indisponibilidade dos bens de Valério.

Na lista estava um lote no condomínio de luxo Retiro do Chalé, em Brumadinho, na Grande BH.

Mesmo ciente do bloqueio, Valério e Renilda teriam vendido o pedaço de terra por R$ 10 mil.

Três meses depois, a propriedade foi novamente negociada por R$ 54 mil, sendo revendida por outras duas vezes.

A primeira compradora do lote foi a mãe de Marcos Valério, segundo o MPF.

Ela não foi denunciada porque tem mais de 70 anos de idade e a pena prescreveria. - Houve simulação de compra e venda para frustrar a decisão que determinou o arresto dos bens, induzindo a erro o juiz - escreveram os promotores responsáveis pela denúncia.

O advogado de Valério, Marcelo Leonardo, contestou a acusação: - Marcos Valério e Renilda não foram pessoalmente intimados das decisões que decretaram bloqueio e indisponibilidade de bens.

Logo, não tinham como saber de impedimento à venda de lote em Brumadinho.

Quando a venda se realizou, não havia qualquer impedimento registrado no cartório de imóveis da cidade - afirmou.

Além das nove denúncias do MPF, Valério também responde por outros crimes na Justiça Estadual mineira.