Marta Salomon, do Estadão BRASÍLIA - Mesmo gastando mais do que previsto, o Poder Judiciário gerou um estoque de quase um milhão (exatos 989.321) de novos processos sem julgamento em 2010, quando a meta definida era não acumular nenhum processo proposto à Justiça durante o ano.
Assim, o número de casos não julgados deve passar dos 86,5 milhões registrados em 2010.
Os números fazem parte de levantamento do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), aos quais o Estado teve acesso.
A avaliação da produtividade da Justiça será divulgada oficialmente hoje, 27 dias antes da greve por melhores salários marcada por juízes federais.
A categoria quer reajuste de 14,79%, e o porcentual seria estendido a todos os magistrados que tiveram a performance avaliada.
Entre as metas fixadas no ano anterior pelo CNJ , estava a redução de 2% do consumo de energia elétrica, telefone, água, papel e combustível.
A realidade ficou bem distante da meta.
Os custos do Judiciário com esse tipo de insumo cresceram 17%.
O CNJ atribui o aumento de gastos a atividades típicas do ano de eleições.
Metas.
Foi o segundo ano em que o trabalho do Judiciário foi acompanhado por meio de metas previamente definidas e que tinham por objetivo avaliar a qualidade da prestação de serviços pelo Poder.
Em 2010, os tribunais deveriam julgar todos os processos distribuídos no ano, além de parcela do estoque de atrasados: os processos apresentados até 2006 ou até 2007, no caso dos tribunais especializados, como causas trabalhistas e eleitorais.
O resultado apurado pelo CNJ ficou aquém do esperado.
Dos 17,1 milhões de processos que deram entrada durante o ano, 16,1 milhões (94,2%) foram julgados.
Isso significa que acumulou-se um novo estoque de 989 mil peças não julgados no ano.
Para 2011, a meta fixada em março, após passar votação de presidentes de tribunais, é ainda mais ambiciosa: julgar mais do que o número de processos apresentados.
O julgamento de processos mais antigos teve desempenho bem pior.
Durante o ano, apenas 44,55% dos atrasados e apresentados até 2006 ou 2007, dependendo do tribunal, foram julgados.
O CNJ também avaliou o grau de cumprimento de sentenças do Judiciário.
Considerada uma das áreas mais problemáticas da Justiça, a cobrança de tributos caiu de 23,5 milhões de processos para 21,7 milhões de processos.
Uma queda de 7,59%, abaixo da meta de 20%, fixada no ano anterior.
Processos de execuções fiscais demoram, em média, quase uma década.
Em alguns casos, eles custam mais ao Estado do que o tributo cobrado.
Mas a suspensão de cobranças só pode ser autorizada por meio de lei.