Por Jamildo Melo, de Petrolândia O calor era infernal.

A turma vip ainda contava com alguma umidade aspergida por meio artificial.

Mesmo sem perder o rebolado, o governador Eduardo Campos enfrentou uma série de críticas ao seu governo, durante esta tarde, em um clube municipal em Petrolândia, no Sertão do São Francisco, onde ocorreu mais uma plenária dos seminários Todos Por Pernambuco, uma espécie de governo nos municípios de Eduardo Campos.

Na parte da manhã, vários convidados, de governos e da sociedade civil, discutiram temas como infra-estruura, educação, saúde e outros, em câmaras temáticas.

Na parte da tarde, ja com a presença do governador, uma compilação era apresentada pelos secretários, enquanto três representantes eleitos pelo grupo faziam intervenções sobre os temas propostos.

Deu de tudo, nas reinvindicações, até mesmo a criação de uma secretaria especial para assuntos indígenas, como já fez a Bahia.

Solícito, o governador agradecia aplaudindo algumas das propostas e anotando tudo.

Outras vezes, apenas pisava os olhos, assim meio galante, em resposta aos reclamos das mulheres.

Uma das intervenções mais contundentes coube a uma professora, cujo nome não foi possível anotar.

O som do evento era de péssima qualidade, quase inaudível.

Ela havia cobrado um centro tecnológico para ajudar a livrar jovens das drogas. “A gente tá cansado de ver folder.

E coisa na internet, que só acontece lá (no Recife?)”, criticou. “A gente quer fazer diferença aqui, seja como artista, como jogador de futebol…” Segurança pública O clima esquentou mesmo quando o assunto foi a segurana pública.

Parece haver um sentimento conjunto naquela região de que ocorreu um novo aumento da crimiladidade, depois de uma melhoria das expectativas no primeiro governo Eduardo.

Algumas pessoas atribuem o fenômeno ao crime do Sul, que teria se deslocado para lá, afugentado do Rio de Janeiro.

Preocupado com coisas bem terrenas, o padre de Tacaratu, Roberto Ribeiro, disse com todas as letras que o Pacto pela Vida não havia chegado naquela parte do sertão.

Ele citou que haveria um contingente de sete policiais para 22 mil habitantes. “Isto é uma vergonha, dá dois policiais para cada dia da semana”, afirmou. “Pedimos socorro, é urgente”, bradou, ao citar que no dia anterior um caixa eletrônico na cidade de Caraibeiras havia sido explodido.

A mais estridente cobrança deu-se pela voz do advogado Tadeu Sá, que tem um parque de águas em Belem de São Francisco, é advogado do município de Itacuruba, mas apresentou-se como porta voz da prefeita de Floresta, Rorô.

Segundo ele, a prefeita estava preocupada com a elevação do número de homicídios e que eles já beiravam o cúmulo do absurdo. “A violência se abate sobre a cidade, mas não é só ela, ocorre também em Itacuruba, Belém e outras”, afirmou, antes de pedir que fossem retirados da polícia os falsos policiais para que eles não contaminassem os bons.

Além de pedir mais homens nas ruas, mais blitz nas estradas, o advogado apontou o dedo para o judiciário e o MPPE. “O governador está fazendo sua parte, mas o TJPE e o MPPE tem se acovardado”, criticou, observando que Floresta não tem um procurador titular há cinco anos e o juiz não foi embora porque a população implorou.

Nesta hora do elogio público, Eduardo pareceu fazer uma cara de êxtase.

Mais policiais No final do encontro, resumimdo a plenária, o governador Eduardo Campos prometeu ampliar a força policial na região.

Em resposta às denúncias feitas pelo advogado Tadeu Sá, de que policiais trabalham bêbados e exibem armas em bares, o governador disse que mandará a corregedoria apurar a denúncia. “Se for verdade, vamos colocar esses policiais para fora, como já fizemos com tantos outros’, prometeu.

O secretário de Defesa Social, Wilson Damásio, minimizou as críticas, vindas de pessoas que pareciam não ter se intimidado com o fato de ele ter sido delegado de entorpecentes na região, no tempo da Polícia Federal. “As críticas nos ajudam a construir um pernambuco mais seguro, do Recife ao Sertão”.

Na reunião temática específica da área de segurança, com a presença de 65 pessoas, as principais queixas foram justamente mais segurança nas estradas e para o comércio.

A população também pediu uma companhia independente da PM na região bem como uma delegacia da mulher para o sertão.

Outra solicitação que recebeu destaque foi a designação de promotores e juízes fixos na região.

Esportes A secretária Ana Cavalcanti prometeu resgatar os antigos jogos escolares de Pernambuco (os suadosos JEBs).

Tambem brincou com o calor insuportável. “Nós só sentimos um grande calor humano hoje aqui”.

Durante o evento, o governador assinou edital para a realização de obras de esgotamento sanitário nos municípios de Petrolândia, Floresta e Itacuruba, no valor de R$ 33 milhões.

Também sancionou a lei que autoriza a Chesf a utilizar 16 mil hectares de terra para reassentar as famílias desalojadas em função da construção da usina hidrelétrica Luiz Gonzaga-Itaparica.

Agenda Após a plenária, o governador inaugurou as obras de reforma da Escola Delmiro Gouveia, também em Petrolândia.

Na unidade, em que estudam 372 crianças e adolescentes, foram investidos R$ 976 mil na ampliação de salas de aula, laboratório de informática, biblioteca, auditório e outros.

Eduardo segue sua maratona pelo Sertão pernambucano nesta sexta-feira. Às 09h, ele inaugura o sistema de abastecimento de água de Tacaratu.

De lá, segue para Serra Talhada, onde comanda o seminário do Todos por Pernambuco do Sertão do Pajeú e entrega equipamentos para pequenos produtores rurais. À noite, a comitiva vai a Quixaba e Ingazeira, onde o governador inaugura as rodovias de acesso aos dois municípios, que antes contavam apenas com uma estrada de barro.