Vitor Sorano, em O Globo Em entrevista à TV SIC, de Portugal, a presidente Dilma Rousseff admitiu que não vai conseguir retirar todos os brasileiros da miséria, mesmo em oito anos de mandato (citados pelo apresentador do programa, e não por ela).

Dilma estimou entre 19 milhões e 21 milhões o número de pessoas nessa situação - caracterizada, segundo ela, por uma renda per capita abaixo de R$ 70. - Não, acho que nós nos aproximamos muito - disse, quando perguntada se conseguiria, em oito anos, tirar todos os brasileiros da miséria.

Essa foi, porém, uma de suas principais promessas de campanha.

Isso porque, argumentou, a partir de um determinado número as políticas têm de ser personalizadas: - Você tem que tratar aí do problema especial, específico daquela família para poder de fato ter uma ação efetiva.

Durante um tempo você consegue fazer uma política de massa, mas, a partir de determinados níveis, você tem de olhar caso a caso.

Segundo a presidente, durante os dois mandatos do ex-presidente Lula saíram da miséria 28 milhões de pessoas.

Dilma citou o fato de não ter aumentado o salário mínimo como um exemplo das medidas duras tomadas no início de governo, dividindo a responsabilidade com o seu antecessor. “(Cumprimos) Um acordo que até foi feito no governo do presidente Lula.” Questionada sobre os arquivos da época da ditadura, Dilma defendeu a Comissão da Verdade proposta ao Congresso e disse que o Estado deve uma explicação às famílias dos mortos. “Essas centenas de pessoas e algumas milhares que tiveram seus filhos mortos têm todo direito de enterrá-los.

E o Estado deve a elas uma explicação.” Lula defende em Lisboa reforma da ONU Ao receber um prêmio do Conselho Europeu nesta terça-feira em Lisboa, Lula defendeu a reforma da ONU, afirmando que as instituições internacionais hoje são “incapazes” de lidar com um mundo multipolar.

O ex-presidente disse mais tarde que a organização deve ser dirigida por um burocrata, e não por um político.

O Brasil é candidato a uma vaga permanente no Conselho de Segurança.

Na visita a Portugal, que está prestes a receber uma intervenção do FMI, Lula criticou a instituição e o modo como a Europa vem gerindo a crise econômica.

Nesta quarta-feira, Lula será titulado doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra, homenagem já concedida a Juscelino Kubitschek e Fernando Henrique Cardoso.

A reforma da ONU e do Conselho de Segurança é necessária, diz Lula, para que esses órgãos reflitam “a realidade do século XXI e não a realidade de meados do século XX”.

Portugal defende uma cadeira permanente para o Brasil no Conselho de Segurança.

Os dois países ocupam hoje vagas rotativas no órgão.

O tema é um dos principais da agenda em Portugal da presidente Dilma, que criticou em entrevista a ação da Otan na Líbia.

O ex-presidente, que defendeu o endurecimento da supervisão das instituições financeiras, disse que o bloco economicamente mais forte da Europa “demorou muito” para socorrer a Grécia, o que permitiu que a especulação chegasse a outros países. - É preciso que o sistema financeiro europeu aja com rapidez para não permitir que os países em crise fiquem subordinados à especulação da taxa de juros - afirmou.

Lula declarou que o fundo causou mais problemas do que soluções quando foi chamado a intervir no Brasil, na Grécia e em outros países.

A afirmação foi feita na noite de segunda-feira, após reunir-se com o premiê socialista José Sócrates. - O FMI não resolve o problema de Portugal - disse, afirmando que o Brasil está disposto a ajudar o país.