Cristiane Jungblut, em O Globo BRASÍLIA - Numa votação sobre sistema eleitoral, a Comissão de Reforma Política do Senado aprovou a adoção da lista fechada nas eleições proporcionais (deputados federais, deputados estaduais e vereadores).

A proposta mantém o atual sistema proporcional, mas adota a lista fechada - onde os partidos escolhem a lista de candidatos, e o eleitor apenas vota nessa lista.

Na prática, o PT venceu a batalha, derrotando a proposta do PMDB, o chamado “distritão” - onde os estados são transformados em distritos e são eleitos os mais votados.

Ao todo, nove senadores votaram no sistema proporcional com lista fechada, enquanto sete votaram no “distritão”.

Na prática, se a proposta for aprovada em definitivo, os eleitores passarão a votar nos partidos e não mais diretamente nos candidatos.

A maioria dos senadores não queria votar, diante da falta de consenso entre os senadores sobre qual o melhor sistema eleitoral.

Mas o presidente da Comissão, senador Francisco Dornelles (PP-RJ), fez questão de realizar a sessão e promover a votação, alegando que era importante o grupo ter uma posição oficial a ser levada ao conjunto do Senado.

A sessão da Comissão foi realizada mesmo depois de o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), suspender as atividades diante do falecimento do ex-vice-presidente José Alencar.

Na abertura, Dornelles alegou que Alencar era conhecido por ser um trabalhador incansável e que, então, o trabalho da comissão não deixava de ser uma homenagem a ele.

PT e DEM se unem para derrotar ‘distritão’ Numa aliança inusitada, os senadores do PT e do DEM acabaram se unindo para derrotar o “distritão”.

O líder do DEM, Demóstenes Torres (GO), votou a favor do sistema proporcional com lista fechada, ao lado do líder do PT, senador Humberto Costa (PE).

Os nove votos a favor da lista fechada foram: Humberto Costa, Demóstenes; Luiz Henrique (PMDB-SC), Roberto Requião (PMDB-PR), Jorge Viana (PT-AC), Wellington Dias (PT-PI), Ana Rita (PT-ES), Antônio Carlos Valadares (PSB-ES) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

O atual sistema proporcional garante que as cadeiras à disposição em cada Casa legislativa sejam distribuídas proporcionalmente aos votos obtidos pelos candidatos, dentro do chamado quociente eleitoral.

Com a lista fechada, a intenção é fortalecer os partidos, porque a ordem dos candidatos será definida pelas siglas.

O sistema proporcional com lista fechada é usado atualmente me países como Portugal e Espanha. - A democracia precisa de partidos fortes.

Nesse sistema, vota-se pela proposta do partido.

E essa é a melhor proposta para que se adote o financiamento público de campanha - disse Humberto Costa.

Derrotado, Dornelles lamentou.

Ele defendeu o “distritão”. - O sistema proporcional com lista fechada é a pior das propostas, porque retira do eleitor o direito de escolher seu candidato.

Mas tenho que respeitar.

O importante era a tomada de uma decisão - disse Dornelles.

Os senadores do PSDB, como Aécio Neves (PSDB-MG) preferiram se abster na votação, pois são favoráveis ao sistema distrital misto com lista fechada - metade das cadeiras é preenchida por parlamentares eleitos diretamente e metade pelas listas partidárias. - Voto pela abstenção.

E o PSDB vai insistir no distrital misto em Plenário - disse Aécio.

O chamado “distritão” recebeu sete votos, entre eles do ex-presidente Itamar Franco (PPS-MG), Ana Amélia (PP-RS) e do ex-governador Eduardo Braga (PMDB-AM).