Atualizado às 18h04 O trabalho de dez anos do Orçamento Participativo (OP) como “experiência inovadora em áreas temáticas” deu à Prefeitura de Recife o prêmio Reinhard Mohn 2011, concedida pela Fundação Bertlsmann, da Alemanha.

Mais de 12 mil alemães selecionaram o trabalho desenvolvido na capital pernambucana como exemplo de atuação que “vitaliza a democracia através do reforço da participação política”.

Em junho, na presença da chanceler alemã, Angela Merkel, o coordenador do OP, Augusto Miranda, receberá o prêmio de 150 mil euros (cerca de R$ 300 mil).

O destino do dinheiro ainda não está definido, mas o prefeito já tem ideias para aplicar o valor. “A ideia é trabalhar na documentação deste prêmio e também no processo de capacitação dos delegados do Orçamento Participativo e também da nossa equipe para a gente continuar aperfeiçoando o modelo de participação aqui na nossa cidade”, disse o prefeito João da Costa (PT).

Ouça a íntegra da entrevista coletiva: O OP foi escolhido entre mais de mil projetos dos mais diversos países.

Em novembro do ano passado uma delegação alemã esteve no Recife para conhecer o trabalho de perto. “Esse é um prêmio que a prefeitura recebe em nome da cidade.

Na verdade, quem ganha é a cidade do Recife.

Não é necessariamente o prefeito e ou a Prefeitura. É a cidade”.

Foram avaliadas a efetividade e a capacidade das experiências no fortalecimento das estruturas e instituições democráticas, a capacidade de estabelecer estratégias inovadoras para a resolução de problemas, o nível e escala de mobilização e representação da sociedade civil, a integração de grupos subrepresentados e socialmente excluídos, a sustentabilidade e o impacto da experiência, seu caráter pioneiro e sua replicabilidade em outros contextos de participação da sociedade.

A experiência recifense, uma das maiores vitrines da gestão petista à frente da Prefeitura, ficou em primeiro lugar, seguida de trabalhos em Belo Horizonte e em outros países como Argentina, Estados Unidos, Austrália e Canadá.

João da Costa sempre esteve ligado ao Orçamento Participativo, projeto que começou há dez anos, ainda na gestão do ex-prefeito João Paulo (PT).

Através do OP, membros de cada comunidade escolhem as prioridades para a cidade.

Do ano passado para cá foram feitas 404 reuniões.

Nos últimos dois anos, 234.413 pessoas contribuíram para o futuro da capital pernambucana, votando nas plenárias regionais e temáticas, nas urnas eletrônicas ou pela internet. “Divido esse prêmio primeiro com a equipe do Orçamento Participativo e da Prefeitura do Recife, mas o protagonista deste processo é o povo”, afirmou, sem deixar de reconhecer o próprio papel para o sucesso do OP. “Não vou ser altruísta ao ponto de dizer que não contribuí.

Contribuí e muito”.

JOÃO PAULO - Apenas quando provocado por jornalistas - que questionaram se João Paulo não tinha participação na conquista do prêmio - João da Costa citou o ex-prefeito. “Todo mundo tem (participação).

O ex-prefeito, os ex-secretários…

Todo mundo que contribuiu.

Se a gente também não convencesse o ex-prefeito João Paulo, como secretário, de que este projeto tinha viabilidade e desse respaldo político, evidentemente que não aconteceria”, afirmou.

João da Costa disse que a ideia do OP começou a ser trabalhada antes mesmo da posse de João Paulo, em dezembro de 2010.

O prefeito explicou que o Orçamento Participativo foi uma adaptação de uma experiência que vinha sendo realizada em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.

Lá, a população não votava diretamente nas obras, mas em delegados que deveriam escolher as prioridades. “A gente apostou na participação de massa.

Ele (o OP) foi um dos carros-chefes da campanha de 2000.

Era um projeto do partido. É uma conquista do nosso partido e de outros que ajudaram”, afirmou, referindo-se às legendas da base aliada.

O prefeito salientou que o projeto não permaneceu inerte durante estes dez anos de existência. “Fizemos mudanças da primeira para a segunda gestão e da de João Paulo para a minha”.

Perguntado se não enfrentava insatisfação de alguns vereadores por eles considerarem o OP uma invasão em suas bases eleitorais, João da Costa negou. “Nunca vi vereador deixar de se eleger por conta de OP.

Já vi vereador se elegendo por conta de OP”.