Andrei Meireles, do Blog Político, do site da Revista Época O ex-governador de Brasília José Roberto Arruda – protagonista de um dos maiores escândalos de corrupção na política brasileira -tentou amenizar sua situação na justiça dando uma ajuda ao PT na campanha presidencial.

Primeiro ele recorreu ao então diretor-geral da Polícia Federal, delegado Luiz Fernando Corrêa, com a proposta de contar como ajudou financeiramente a líderes do DEM em troca dos benefícios da delação premiada, como a redução de pena.

A oferta foi transmitida ao Superior Tribunal de Justiça.

Não prosperou porque os responsáveis pela investigação desconfiaram de que poderia ser uma manobra para tumultuar o inquérito.

Arruda, então, fez uma investida no ministério público federal e teve pelo menos três encontros secretos com procuradores da República.

Em junho do ano passado, ele mandou um recado de que também poderia ajudar nas investigações sobre suposta corrupção no ministério público de Brasília.

A oferta interessou ao procurador regional da República Ronaldo Albo.

Ele é o responsável pelo inquérito em que o ex-chefe do MP do Distrito Federal, Leonardo Bandarra, e a promotora Deborah Guerner são acusados de recebimento de propina.

Albo consultou o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que deu sinal verde para a negociação.

A primeira conversa secreta ocorreu na residência de Arruda.

Os procuradores regionais da República Alexandre Camanho e Carlos de Vilhena foram até lá para acertar o depoimento do ex-governador sobre os promotores de Brasília.

Na conversa, Arruda reafirmou sua disposição de colaborar e prometeu fazer revelações sobre a corrupção no ministério público.

O depoimento de Arruda foi marcado para o começo da tarde do dia 2 de julho, mas ele não compareceu.

A pedido de Ronaldo Albo, a Polícia Federal buscou Arruda em sua casa.

Levado pela polícia, ele prestou o primeiro de dois depoimentos, revelados por época.com em agosto, nos quais fez acusações ao ex-governador Joaquim Roriz e relatou uma tentativa de chantagem pela promotora Deborah Guerner, com a ajuda do ex-vice-governador Paulo Octávio Pereira.

Com a credencial de ter ajudado na investigação sobre os promotores de Brasília, Arruda tentou um acordo com o procurador-geral Roberto Gurgel.

Por intermédio de Alexandre Camanho, chefe da Procuradoria Regional da República, Arruda convidou Gurgel para uma conversa em sua casa.

Gurgel foi desaconselhado a ir a casa de Arruda, pois ali poderia ser alvo de alguma armação.

O encontro foi marcado para o dia 2 de setembro no gabinete de Camanho.

Ali, Arruda reiterou sua disposição de contar em depoimento como captou recursos para ajudar financeiramente candidatos do DEM.

Como não apresentou provas do que afirmava, mais uma vez a oferta foi recusada pelos responsáveis pela condução da investigação.

Prevaleceu o entendimento de que o histórico de Arruda, com célebres mentiras ao Senado e ao país, comprometeria a credibilidade de seu depoimento.

Além disso, poderia prejudicar o inquérito sobre a corrupção em Brasília em que ele é o principal personagem.

O jogo de Arruda não deu certo.

Ele não influenciou nas eleições e nem conseguiu os benefícios da delação premiada.

Pelo contrário, os investigadores afirmam que ele será denunciado por corrupção passiva, formação de quadrilha, crime contra a administração pública, entre outros delitos.