Por Terezinha Nunes O estado de Pernambuco conseguiu empréstimo do BNDES no valor de R$ 400 milhões para construir o estádio Arena da Copa, em São Lourenço, e garantir-se como uma das sedes da Copa de 2014.

Para se ter uma ideia do que representam esses R$ 400 milhões é bom lembrar que a duplicação da BR-232, de Recife a Caruaru, também custeada pelo estado, custou menos do que isso.

A participação pública no estádio se mostrou necessária pela falta de interesse da iniciativa privada de bancar sozinha um empreendimento que vai depender dos torcedores e dos clubes pernambucanos para dar lucro no futuro.

Na época da decisão, a oposição apresentou como proposta a requalificação do estádio do Santa Cruz, mostrando, entre outras razões, a proximidade maior dos torcedores, o fato de que poderia abrigar 68.500 espectadores – o estádio de São Lourenço terá capacidade para 45 mil – e o custo excessivamente menor – R$ 195 milhões, aproximadamente.

O fundamental, porém, foi alertar, a tempo, o Governo e a sociedade para a possibilidade de o estádio de São Lourenço se tornar um elefante branco , caso os maiores clubes, como se suspeitava, não se comprometessem a fazer seus jogos no novo local. É forçoso reconhecer que o Governo fez esforços nesse sentido.

Tentou convencer Sport, Náutico e Santa Cruz a assinar um termo de compromisso com a utilização do novo estádio.

O então secretário Fernando Bezerra Coelho, presidente do Santa Cruz, fez o que pode para aprovar a proposta governamental.

Os esforços, porém, foram em vão.

Ninguém quis se arriscar a obrigar torcedores a viajar quinze quilômetros para assistir um jogo que poderia ser realizado bem mais perto.

Mesmo assim, secretários estaduais lembraram que se poderia, no futuro, contar com o apoio dos clubes.

Agora, porém, se constata que foi tudo um sonho-de-uma-noite-de- verão. É que o Sport anunciou, e teve aprovado por seu Conselho Deliberativo , a decisão de construir sua própria arena, no local onde atualmente está a Ilha do Retiro.

Também o Santa Cruz mostrou disposição de fazer a mesma coisa e o Náutico, que já tinha ideia semelhante, tanto que ainda namorou com a possibilidade de apoiar a proposta do Governo mas desistiu, dificilmente vai ficar atrás.

A decisão do Sport teve tal impacto que foi registrada na imprensa nacional, acompanhada de comentários sobre a possibilidade de , com ela, a arena da Copa se transformar, realmente, num elefante branco, como citou, nominalmente, o jornal Folha de São Paulo.

Para um estádio do porte do de São Lourenço ser rentável seria necessária a realização de 60 jogos por ano, segundo especialistas no setor, com ocupação superior a 60% e com ingressos vendidos a R$ 40,00, o que está fora dos padrões da torcida pernambucana.

Se os três grandes clubes levassem seus principais jogos para o local já seria difícil atingir as metas, imagine sem isso.

Por aí se vê o grande problema que vamos enfrentar no futuro se alguma solução, a esta altura milagrosa, não aparecer.

Claro que os pernambucanos iriam se sentir frustrados sem a copa mas se havia outra solução para estudos, mesmo que se precisasse travar uma queda-de-braço com a CBF e a Fifa, ela deveria ter sido tentada.

Vamos torcer para que o Governo descubra um novo destino para o estádio, além do futebol, pois até para mantê-lo vai ser difícil conseguir recursos, sem contar que o Governo terá dificuldades, inclusive jurídicas, para justificar a colocação de recursos públicos em um estádio de futebol, sobretudo do porte da Arena da Copa.

CURTAS Disputa - A deputada Tereza Leitão pode realizar seu sonho em 2012: candidatar-se a prefeita de Olinda.

Especulou-se que ela assumiria a secretaria de educação da Prefeitura do Recife e por isso ficaria fora da disputa.

Ela não assumiu e agora é apontada como provável concorrente.

Seria a primeira vez que PT e PCdoB se enfrentariam.

Estratégia comum - Os partidos de oposição conversam intensamente, nos bastidores, sobre as eleições no Recife.

PSDB, PMDB,PPS,DEM e PMN já decidiram uma coisa: antes de bater o martelo analisarão conjuntamente a possibilidade de lançar um candidato ou vários.

Vai depender da estratégia dos adversários.

Dorany prestigiado - Com a ida à festa de aniversário do PMDB em Brasília esta semana, o presidente estadual Dorany Sampaio colocou uma pá de cal nas especulações sobre possibilidade de intervenção do PMDB nacional na seção pernambucana.

Amigo há muitos anos de Dorany, Michel Temer, além do elogio público, praticamente lhe pediu desculpas, em particular, pelo artigo que escreveu no final do ano, pedindo que os descontentes deixassem a legenda.

Ficou o dito pelo não dito.

PV em crise – As escaramuças no PV nacional, agora envolvendo a própria Marina Silva, que até analisa a possibilidade de deixar o partido e fundar nova legenda, deixam a cavaleiro o deputado estadual Daniel Coelho.

Sem espaço junto aos verdes pernambucanos, que mudaram de lado, abandonando a oposição e se aliando ao Governo, Daniel tem mais um motivo para justificar sua saída do PV, caso a implosão que se anuncia acontecer.