Isabel Braga, em O Globo BRASÍLIA - O Conselho de Ética da Câmara abriu processo nesta quarta-feira contra deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF).

Dois conselheiros - um titular e um suplente - declararam abertamente o voto a favor da cassação de Jaqueline, apesar do apelo do presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PDT-BA), para que não antecipassem o voto.

Jaqueline aparece recebendo R$ 50 mil de Durval Barbosa , delator do esquema de corrupção no governo do Distrito Federal. ( Leia também: Câmara instaura processo contra Jaqueline Roriz ) O primeiro a antecipar o voto pela cassação foi o deputado Silvio Costa (PTB-PE).

Mas, ao tentar desenvolver seu pensamento, acabou provocando polêmica e protagonizando um rápido bate-boca com o novato Fernando Francischini (PSDB-PR).

Apesar de dizer que Jaqueline, pelo sentimento dele, já estaria cassada, Silvio Costa afirmou que juridicamente ela não poderia ser processada no conselho porque o vídeo em que recebe dinheiro é de 2006, quando ela ainda não era parlamentar.

O deputado Wladimir Costa (PMDB-PA) também declarou seu voto a favor da cassação de Jaqueline, acrescentando que ela deveria também estar presa.

O ponto mais polêmico no debate de nesta quarta-feira foi a legitimidade ou não do conselho em julgar a representação feita pelo PSOL contra a deputada Jaqueline, já que o vídeo em que ela aparece recebendo recursos é de 2006.

O relator do processo, deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), avisou aos colegas que irá abordar essa questão em seu relatório e que caberá ao conselho decidir sobre isso.

Ele afirmou que há jurisprudência que abre brecha para o julgamento de fatos pretéritos.

Os conselheiros que falaram na sessão, manifestaram-se a favor do julgamento do caso de Jaqueline pelo conselho.

Sampaio disse esperar que Jaqueline faça, pessoalmente, sua defesa no conselho e que pretende ouvir Durval Barbosa também.

Mas fez um apelo aos colegas para evitar convites desnecessários. - Não vamos partidarizar e buscar ridicularizar alguém que não pode ajudar e, de forma circense, expô-lo ao ridículo. É importante haver conexão entre a pessoa a ser convidada e os fatos - disse Sampaio.

O presidente do conselho avisou que ainda nesta quarta-feira tentaria notificar a deputada Jaqueline da abertura do processo.

Depois de notificada, ela terá cinco sessões ordinárias da Câmara para apresentar sua defesa.