Por José Otávio de Meira Lins Pernambuco amargou alguns bons anos - se é que cabe utilizar nesse contexto o termo “bom” - no limbo do turismo nacional.

A crise foi braba, só no Recife dezoito hotéis fecharam as suas portas.

O que se pode chamar de aberração: hotel demolido dando lugar a edifício residencial.

A virada de mesa aconteceu no ano de 2007.

A turma do turismo percebeu que só a união possibilitaria um caminho para recolocar a cidade do Recife e demais destinos pernambucanos na prateleira do turismo nacional.

E assim foi.

A parceria entre as iniciativas público e privada possibilitou a descoberta de novos segmentos e atrativos turísticos e um forte trabalho em promoção do destino, capacitação da mão-de-obra local e atualização dos agentes e operadores de viagens com informações completas de tudo o que o Recife e Pernambuco ofereciam aos seus clientes.

A conseqüência foi uma explosão de novos visitantes, que descobriram os encantos da região em suas viagens a lazer, como também para eventos e negócios.

O sucesso desta união foi tanto que de agosto a dezembro de 2010, os equipamentos hoteleiros pernambucanos tiveram uma ocupação média girando acima de 90% nesse período.

Ganhamos todos os prêmios que um destino turístico pode almejar, fomos citados como inovadores e case de “benchmarketing”.

Descobrimos a receita do sucesso.

Agora, todo mundo sabe que fazer o bolo crescer ainda mais traz o perigo de errar a mão em algum ingrediente.

Isso é fato!

A três anos da realização no Brasil do principal evento esportivo no mundo, a região pernambucana virou cenário para novos investimentos, até 2014 cerca de 10 mil novos leitos devem ser implantados no estado.

Diversos hotéis também estão em processo de “retrofit”, modernizando toda a sua estrutura.

A pergunta agora é: como garantir o fluxo contínuo de novos visitantes no período pós-Copa e não carimbar um passaporte para a crise que já vivemos num passado não muito distante?

Não há como negar que essa pergunta vinha incomodando àqueles que se encontram à frente dos equipamentos hoteleiros da região, já que um possível excesso na oferta hoteleira e uma escassez na demanda poderiam resultar num provável problema para os hoteleiros da região.

E manter um fluxo contínuo de visitantes após a realização da Copa do Mundo nos já existentes e novos hotéis que estão por chegar é uma tarefa, no mínimo, árdua. É uma missão que não pode ser deixada para última hora, muito menos para depois, tem que ser feita desde já.

E mais uma vez a iniciativa privada mostrou-se atenta a essa questão e chutou a bola pro gol: buscou parceira com o SEBRAE, um parceiro atento e com tino empresarial para a execução de ações de sucesso.

Daí nasceu o projeto “Pernambuco Bom para Seu Negócio”, que visa fomentar a atração de novos visitantes do segmento corporativo para o estado de forma que - mesmo com o final do Mundial de Futebol de 2014 - todos os hotéis e pousadas da região mantenham-se ocupados.

Despertar para essa realidade e ter a sensibilidade para compreender uma problemática que hoje parece distante, visto o ótimo momento em que o turismo pernambucano encontra-se, acabou sendo o dever de casa para os que estão investindo para que Pernambuco tenha uma boa infra-estrutura para receber seus visitantes (leia-se: os empresários).

Agregar parceiros quando tudo está bem parece ser fácil, mas não é, alguns só se unem mesmo quando a situação não está das melhores.

Bem, uma coisa é evidente: não queremos voltar aos tempos passados.

Concordam?

PS: José Otávio de Meira Lins é Presidente da ABIH/PE