A polêmica sobre a Lei Rouanet e a utilização irresponsável do meu e do nome da minha banda em blogs e outros meios das redes sociais me obrigam a entrar no debate.

Primeiro: sou a favor da Lei Rouanet.

Mas acho que ela deve ser reformulada.

Para dar mais oportunidades a iniciativas culturais que estão fora do eixo tradicional, fora do mainstream, fora do óbvio e fora das regiões mais ricas do país.

Esse é o caso do projeto Trampa Sinfônica, idealizado pelo maestro Silvio Barbato, ex-regente da Orquestra Sinfônica de Brasília, e executado em Brasília em 2008.

Contemplado pela lei de incentivo cultural, o Trampa Sinfônica está enquadrado no quesito de inovação e relevância cultural. É um projeto único no país.Promove o encontro da música erudita com o rock.

Há quem goste ou não, mas isso é uma questão de cada um.

Ao contrário de muitos projetos aprovados na Lei Rouanet, o Trampa Sinfônica não visa lucro.

No projeto realizado em 2008, minha banda não recebeu cachê algum.

O show foi gratuito.

Parte da verba do projeto foi destinada a levar jovens da periferia de Brasília a assistirem um espetáculo no teatro.

Pela primeira vez.

Cerca de 40% dos assentos foram reservados para esse público!

A verba foi toda investida na realização do evento.

Resolvemos levar o espetáculo para outras capitais.

Vamos repeti-lo nos mesmo moldes: gratuito, com acesso privilegiado ao público da periferia.

Mas dessa vez receberemos cachê.

Para deixar bem claro: captamos 800 mil reais para realização de quatro espetáculos (Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo).

A banda, que tem cinco membros, receberá 10 mil reais por show e pagará impostos sobre isso.

Ou seja, cada um de nós receberá menos de 8 mil reais pelas quatro apresentações.

Toda a planilha do projeto é pública e o que digo pode ser conferido no site do Ministério da Cultura. É forçar demais a barra comparar o Trampa Sinfônica com o projeto do Blog da Maria Bethânia.

Com todo o respeito à cantora e ao seu produtor.

Mas, só o que os dois vão receber juntos é quase o total do que captamos para o Trampa Sinfônica.

Ricardo Noblat é meu pai.

Não se mete na minha vida.

Muito menos eu na dele.

Meu nome é André Noblat, tenho 31 anos de idade, sou jornalista, militante filiado ao PT há dez anos e músico.

Vamos separar as coisas e nos manifestar com mais responsabilidade.

Filho do Noblat descola quase R$ 1 milhão na Lei Rouanet, igual a Maria Bethânia