Leandro Cólon e Eduardo Bresciani, do Estadão Sob pressão externa, o Conselho de Ética da Câmara quer mostrar resultados e deve dificultar a vida da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), flagrada, num vídeo revelado pelo Estado, recebendo dinheiro de Durval Barbosa, pivô do escândalo do “mensalão do DEM”, que seria fruto do esquema de corrupção do Distrito Federal.
Em entrevista nessa quinta-feira, 17, ao Estado, o presidente do órgão que julga a conduta de parlamentares, José Carlos Araújo (PR-BA), mandou um recado a Jaqueline: “Não estamos na Câmara para passar a mão na cabeça das pessoas que têm desvio de conduta”. “Ela é ré confessa porque confessou que recebeu dinheiro e que foi para campanha, caixa 2.
Dinheiro ilícito”, disse Araújo.
Os integrantes do Conselho de Ética avaliam que as circunstâncias políticas, que incluem o começo de legislatura e um histórico negativo em julgamentos de mandatos, aumentam as cobranças para punir Jaqueline. “Acho que o caso dela servirá para resgatar a imagem da Câmara.
Vou trabalhar com esse propósito.
Não vou aceitar que isso não aconteça”, afirmou.
Para o parlamentar, a entrevista de Durval Barbosa ao Estado, em que ele afirmou que o dinheiro entregue à deputada é “sujo” e “oriundo de propinas”, reforça a necessidade de ouvi-lo em depoimento e abre a possibilidade uma acareação entre os dois. “A repercussão que esse caso tomou é muito grande em função dos antecedentes”, disse.
Relator.
Araújo prometeu indicar na terça-feira o relator do processo contra Jaqueline Roriz.
Já é quase consenso que os integrantes do conselho derrubarão a interpretação de que ela não pode ser processada, já que o vídeo foi gravado em 2006, antes de ser deputada federal.
Havia sido formado um entendimento no conselho, na época do escândalo do mensalão do PT (2005), que parlamentares não poderiam ser processados por atos ocorridos antes da posse.