Meninas em situação de rua e risco, que abrigam a casa Raio de Luz, estão dividindo o mesmo teto com outras jovens da casa Andaluz – espaço que acolhe em caráter temporário mães adolescentes com filhos ou filhas com trajetória de rua.
A junção das duas instituições no mesmo espaço físico se deu há mais de um mês e a previsão é que a situação irregular permaneça até o começo de maio.
Hoje pela manhã, a vereadora Aline Mariano (PSDB) esteve no local para verificar a denúncia feita por conselheiros tutelares, que a acompanharam.
No imóvel, a vereadora foi recebida por assistentes sociais e coordenadoras das duas instituições, que confirmaram a irregularidade. “De fato há uma junção de perfil. É uma situação atípica e emergencial.
Foi uma alternativa encontrada enquanto é concluída a reforma do Porto Seguro (Casa dos Idosos) que ameaçava desabar.
Isso aconteceu em 28 de janeiro, mas, a previsão é que até maio a reforma esteja concluída”, confirmou a coordenadora do abrigo temporário Raio de Luz, Raissa Barbosa.
Logo em seguida, fez questão de esclarecer que não se trata de readequação de rede, tampouco, de junção de perfis. “Estamos funcionando aqui com duas casas e regras diferentes para cada perfil, num mesmo local.
São duas gerências”, ressaltou Raissa.
A conselheira Ivete Maia questionou a gestora sobre o que é para ela uma situação emergencial, já que no seu entendimento uma emergência não dispensa tanto tempo.
Depois, informou que esteve no mesmo endereço, recentemente, quando teria presenciado uma situação preocupante. “Houve uma briga entre meninas das duas instituições e o bebê de uma delas encontrava-se no carrinho.
Imagina se, com raiva, a garota tivesse investido contra essa criança? É uma situação que não podemos desconsiderar”, argumentou.
A conselheira lembrou que o Estatuto da Criança e Adolescente preconiza que crianças devem ficar distantes de usuários de drogas, o que não está acontecendo. “As meninas da Raio de Luz têm histórico e dependência química.
Portanto, não deveriam estar junto a outras que não usam drogas, sobretudo, que estão com crianças”.
INCÊNDIO No dia 27 de fevereiro, uma menina da casa Raio de Luz instigou outras duas jovens a atear fogo no imóvel. À época, as jovens abrigadas foram reconduzidas para a Casa da Estância, local onde acolhe meninas de 9 a 18 anos com histórico de violência doméstica, sem longa trajetória de rua.
A casa tem uma proposta pedagógica diferente, centrada no resgate dos direitos, o que a distancia dos outros dois abrigos.
Lá, os três perfis conviveram juntos por pelo menos oito dias.
Outra irregularidade grave cometida pela Assistência Social do Recife. “Infelizmente, ocorreu esse incêndio e tivemos que ir, de forma provisória, para a Casa da Estância.
Fomos à GPCA e fizemos um Boletim de Ocorrência.
Das três, duas são monitoradas e a terceira evadiu, não havendo informação a seu respeito”, colocou Raissa Barbosa.
Uma das meninas era mãe e a criança convivia com as demais colegas. “Se sabe que estamos infringindo o Estatuto da Criança.
A realidade está posta.
Está errado, mas não tínhamos outra alternativa.
Numa reforma, não dá para precisar o tempo exato que se vai levar.
Temos consciência do perigo, mas não podemos fazer nada”, argumentou Tatiana Gondim, coordenadora da Andaluz.