Por Terezinha Nunes Criada há 63 anos como o primeiro dos três pilares de sustentação do desenvolvimento do Nordeste – os outros foram o BNB(1952) e a Sudene (1959) - a Chesf completou aniversário esta semana sem previsões sobre o seu futuro.
Em situação menos grave do que a Sudene, que hoje é um morto-vivo, a empresa deixou de ser o motor do Nordeste na área de energia, assumindo, nos últimos anos, o papel de pura mantenedora das instalações de usinas que construiu e das linhas de transmissão regionais, hoje à disposição da ONS (Operadora Nacional do Sistema), com sede no Sudeste.
Embora as pessoas que entendem do assunto já soubessem disso, a crua realidade exposta em conferência na sede da empresa pelo economista Jorge Jatobá, que atendeu a convite da ONG Ilumina Nordeste, soou como um alerta aos mais de 200 funcionários e ex- funcionários da empresa presentes ao ato.
E o mais grave.
Não houve contestação nem mesmo do deputado federal Fernando Ferro, um dos convidados para comentar a conferência.
As mudanças no setor elétrico nacional, operadas pelo Ministério das Minas e Energia e que tiraram a força da Chesf, tiveram inicio depois que o ex-presidente Lula ordenou que a Eletrobrás fosse transformada em uma “Petrobrás do setor elétrico”, como afirmou pontualmente.
Como a Eletrobrás era, em termos de recursos, menor que as subsidiárias optou-se pelo caminho mais fácil: tirar a autonomia das empresas como a Chesf, subtraindo dela, não só a liberdade para tomar decisões, como todos os recursos disponíveis.
Assim, num crescendo, a Eletrobrás levou da Chesf nos últimos três anos quase tudo que a empresa obteve de lucro com suas operações nordestinas.
No ano passado, de uma vez só, foram transferidos para sede da Eletrobrás no Rio de Janeiro todos os R$ 764 milhões que a Chesf lucrou em 2009.
Em 2010, o lucro foi de R$ 1,5 bi, segundo revelou em primeira mão na solenidade o atual presidente, Dilton da Conti.
Certamente será todo transferido como aconteceu com o de 2009.
A Chesf continua operando e, como mostrou o atual presidente, planeja investir mais em energia eólica e construir pequenas usinas hidroelétricas à beira do São Francisco, em Pernambuco, e em rios menos importantes do Maranhão.
Não terá, porém,liberdade para decidir sobre estes e sobre projetos nacionais, como é o caso das usinas Jirau e Belo Monte, de cuja construção participa.
Como está sem recursos terá que aguardar que a Eletrobrás defina por ela o que será feito.
O economista Jatobá expressou em números que o Governo Lula, ao mesmo tempo em que fez muitos investimentos no Nordeste através do PAC e do bolsa-família, permitindo que a região chegasse a crescer mais que o Brasil, deixou-a sem voz ativa quando não revitalizou a Sudene, como foi prometido, e retirou os poderes da Chesf.
Agora este desenvolvimento pode ficar comprometido uma vez que a Chesf não está podendo planejar novos projetos energéticos, deixando de lado as prioridades regionais.
O pior de tudo é que, na verdade, além de estar sem recursos e dependendo da Eletrobrás para saber o que vai fazer, a Chesf vem sendo tratada com desrespeito pela ONS.
No caso, por exemplo, do recente apagão que aconteceu no Nordeste, a ONS, verdadeira culpada, segundo fontes do setor elétrico, culpou a Chesf sozinha pelo ocorrido e, como a direção da empresa não aceitou assumir isso, ela vem protelando a conclusão do relatório a ser enviado à presidente Dilma, na esperança de encontrar uma brecha de jogar a Chesf no olho do furação.
Moral da história: além de estar sem recursos, a Chesf corre o risco, se as coisas continuarem desta forma, de ser tachada de incompetente, coisa que jamais foi pela experiência e pelo corpo técnico que possui.
Energia Nuclear A usina nuclear que o Governo Federal planeja construir em Itacuruba (Pernambuco) deve produzir, quando em operação, 1 mil megawatts/hora.
Não é pouca coisa.
Trata-se de 10% da energia atualmente produzida pela Chesf, e 1/4 dos 4 mil megawatts a mais de energia nuclear que o Brasil produzirá na nova etapa de investimentos nesta área.
Não é, portanto, uma usina pequena e sim média.
Estelionato eleitoral Um dos maiores espetáculos de mídia protagonizados pelo ex- presidente Lula no seu último ano de Governo foi a inauguração do Estaleiro Atlântico Sul com a colocação no mar do primeiro navio produzido, um gigante de 25 mil toneladas.
Pois bem, depois da inauguração, o navio voltou ao estaleiro pois ainda não estava concluído.
Agora, mais de um ano depois, continua na mesma situação.
Em construção.
Pacto menor Não demorou muito para se concluir que o Pacto pela Vida tem furos que precisam com urgência de correção.
Primeiro foi a descoberta do sucateamento do Corpo de Bombeiros e agora a situação vexatória do IML, obrigando um órgão da sociedade civil, o Cremepe, a interditá-lo.
O IML sempre foi um problema nos últimos governos mas agora a crise é maior e quando o estado está em plenas condições para fazer investimentos.
JP no PSB Depois de namorar com o PDT, PCdoB e PTB, João Paulo sonha agora em ir para o PSB.
Este desejo já chegou aos corredores do Palácio das Princesas e, por enquanto, é visto com reserva.
Estando no PSB João Paulo teria garantida a possibilidade de sair do PT sem sofrer retaliações e contar com o aval de Eduardo para ser o preferido à sucessão municipal, caso João da Costa se inviabilize.
Para o governador seria bom pois teria sob o seu comando a mais expressiva liderança popular do PT e passaria a guiar os passos de JP não só em 2012 como em 2014.