New Plants in the Northeast of Brazil Por Daniel Guedes dguedes@jc.com.br Apesar de adotar o discurso de que a situação geológica no Japão é completamente diferente daquela encontrada no Brasil, a Eletronuclear projeta as usinas que devem ser construídas no Nordeste levando em conta um improvável “tsunami” no Rio São Francisco.
Ao contarário do fenômeno natural ocorrido na Ásia, ocorrido por deslocamento de terra, uma onda gigante no Nordeste seria provocada apenas por um rompimento da Usina Hidrelétrica de Sobradinho, instalada no trecho baiano do rio.
O chefe do escritório da Eletronuclear no Nordeste, Carlos Henrique da Costa Mariz, condenou a comparação que,segundo ele, a imprensa está fazendo entre Brasil e Japão, onde está localizada a usina de Fukushima, que teve reatores danificados pelo terremoto e, em seguida, por um tsunami. “Não tem nada igual.
Em primeiro lugar, o Brasil não é sujeito a terremotos desta magnitude. É preciso ter essa clareza para que a gente não confunda, isso é importantíssimo, o caso japonês com o caso brasileiro”, reforçou em palestra que deu em um congresso internacional sobre energia nuclear promovido pela Universidade Nuclear Mundial (WNU, em inlgês), nesta quarta-feira (16), no Recife. » LEIA MAIS: Entrevista: Carlos Henrique Mariz, chefe do escritório da Eletronuclear no Nordeste Mesmo assim, a empresa ligada ao Ministério de Minas e Energia cogita em seus estudos uma improvável inundação provocada pela cheia do Rio São Francisco. “A gente já fez uns cálculos iniciais para ver o tamanho da onda que chegava e temos locais suficientes para colocar essa usina acima dessa onda”, explicou Mariz.
Para ele, apenas o rompimento de Sobradinho poderia gerar uma onda gigante.
Através de cálculos os técnicos da Eletronuclear vão apontar o melhor local para instalar a usina. “De qualquer forma você está distante de Sobradinho 200 ou 300 quilômetros.
Quando aquela onda vier já vai estar amortizada.
Esse impacto será calculado.
Há modelos para isso”.
Mariz afirma que ainda não há uma decisão sobre onde ficarão as usinas nucleares, mas apresentou duas cidades durante sua palestra: Itacuruba, em Pernambuco, e Traipu, em Alagoas.
A definição do local agora passa por Brasília. “A decisão é política.
Tem que ser do governo (federal), com Ministérios, com o Conselho Nacional de Política Energética e tem também a Câmara dos Deputados.
Os próximos passos quem tem que dizer é o governo porque a gente tem que aguardar os impactos (da crise japonesa), tem que ouvir os políticos e tem que ouvir a população.
Tem que ouvir todo mundo”, disse o chefe do escritório.
Se o cronograma estabelecido pelo governo federal for cumprido à risca, a seleção do local para construção da usina acontece até o final deste ano.
A ideia é que o empreendimento comece a funcionar em 2020 (veja página 82 da apresentação de slides acima).
Ao contrário de outros países, o governo do Brasil já disse esta semana que não irá interromper seu programa de energia nuclear.
O representante da Eletronuclear disse não ser capaz de avaliar se o temor da população pode atrasar o projeto brasileiro. “A gente continua fazendo nossos estudos.
Ninguém está em fase de espera.
Pelo contrário.
Estamos caminhando porque a gente sabe distinguir o joio do trigo.
A gente sabe que aquele problema japonês não tem nada a ver com o nosso problema brasileiro.
Então não tem porque parar.
A única parada, se for feita, é por pressão (popular).
Aí sim.
Mas fora isso não vamos parar.
Está muito cedo para falar sobre isso (se a pressão popular pode atrapalhar os planos do governo).
Por enquanto eu estou observando”.