O juiz Antonio Francisco Cintra, da 4ª Vara do Tribunal do Júri da Capital, suspendeu às 21h desta terça-feira, no Fórum Thomaz de Aquino, o julgamento do empresário Marco Antonio de Miranda, 49, acusado de assassinar por asfixia a esposa Soraya Ferreira Matos, na época com 16 anos de idade.
O crime aconteceu no dia 9 de novembro de 2004, no apartamento onde o casal residia havia cerca de dois anos, no bairro do Espinheiro.
O julgamento será retomado às 9h.
Até lá, os sete jurados (cinco mulheres e dois homens) e o médico legista George Sanguinetti, arrolado como testemunha pela defesa do réu, permanecerão incomunicáveis em apartamentos individuais em um dos hotéis do Recife.
Todos tiveram seus telefones celulares recolhidos e não contam com telefones fixos em seus quartos.
A mãe da vítima, também, arrolada pela defesa como testemunha do réu, foi dispensada pelos advogados Rawlinson Ferraz e Caubi Arraes, que atuam na defesa de Marco Antonio.
O promotor de Justiça José Edvaldo da Silva, que representa o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) na acusação do réu, concordou com a dispensa.
José Edvaldo sustentou a tese de homicídio triplamente qualificado – asfixia, motivação torpe (ciúme) e recursos que impossibilitaram a defesa da vítima.
Caso seja condenado, o empresário pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.
Ele foi preso em flagrante e solto cinco dias depois.
George Sanguinetti, que se tornou conhecido nacionalmente por ter atuado no caso das mortes de Paulo César Farias, da menina Isabella Nardoni e do suposto homicídio de Elisa Samudio, será ouvido amanhã.
Ele já adiantou que vai tentar convencer os jurados que Soraya cometeu suicídio, enforcando-se com um lençol, refutando, assim, o laudo tanatoscópico do Instituto Médico Legal (IML), que concluiu pelo estrangulamento da vítima.
O médico legista Aníbal Gaudêncio, arrolado pelo Ministério Público como testemunha de acusação, tentou convencer o Conselho de Sentença que Soraya teve parte dos cabelos arrancados e tracionados e apresentava equimoses na região labial inferior à direita, além de equimose circular, horizontalizada, uniforme e contínua em todo o pescoço, “comprovando que a causa da morte foi estrangulamento, ou seja, a vítima foi assassinada”.
O caso- Soraya era a quarta esposa do empresário, que na época tinha 42 anos.
Apesar da grande diferença de idade, os familiares dela apoiavam o relacionamento conjugal. “A família, por ser de origem humilde, passou a depender financeiramente de Marco Antônio, tendo ele conseguido emprego para o pai da moça, o que também colaborou para que a família concordasse com o relacionamento”, explicou o promotor de Justiça.
Ainda de acordo com José Edvaldo, a diferença de idade de 26 anos não impediu que Marco Antônio se aproximasse da menina, na época com 14 anos, na Praia de Boa Viagem, onde se conheceram.
Os dois passaram a se relacionar e em pouco tempo Soraya foi morar com o réu.
No dia do crime, a vítima estava na piscina com uma amiga, e por volta de meio-dia subiu ao apartamento.
Com a demora de Soraya em voltar, a amiga foi até o apartamento, onde encontrou Marco Antônio que afirmou que a esposa estaria no quarto dormindo.
O marido e a amiga se dirigiram ao quarto, onde a vítima estava estrangulada.
O laudo do IML atestou que a cena do crime foi violada.
Soraya foi encontrada com um lençol ao pescoço, amarrado em uma prancha, próxima à janela.
O empresário tem histórico de agressão, uma vez que a própria Soraya teria chamado a polícia, quando foi confirmada a agressão do marido.
Segundo informações coletadas, a motivação do crime teria sido por ciúmes, possivelmente devido a um relacionamento extraconjugal.