Por Terezinha Nunes Com 3.688 mil habitantes – mais de 40% da população pernambucana - espalhados por 14 municípios, a Região Metropolitana do Recife concentra 65% do PIB (Produto Interno Bruto) estadual, ocupa o 5.o lugar entre as cinco mais importantes Regiões Metropolitanas brasileiras e está entre as 120 maiores do mundo, em população.
Com tal envergadura não é de estranhar que tenha, há muito, abandonado o provincianismo das comunidades isoladas, adotando a filosofia de metrópole inclusive na forma de representação popular.
Embora ainda se diga “sou recifense”, sou “jaboatanense”, “sou olindense”, o eleitor metropolitano não exige na hora do voto o atestado de naturalidade para escolher seu candidato a prefeito.
Vota no preferido, independente de onde tenha nascido.
Esta característica consolidou-se no Recife, a capital, onde residem 1 milhão e 536 mil pessoas (IBGE 2010), mas se espalhou pelos demais municípios e hoje o estigma de “forasteiro”, comumente usado em municípios interioranos por adversários interessados em “queimar o filme” de novos candidatos ou impedir a concorrência, é coisa do passado.
No Recife, só para citar as eleições mais recentes, nenhum prefeito nasceu na capital.
Joaquim Francisco é de Macaparana; Jarbas Vasconcelos, de Vicência; Roberto Magalhães, de Canguaretama (RN); João Paulo, de Olinda e João da Costa, de Angelim.
Se qualquer um dos dois lados mais fortes da política quisesse explorar este filão não poderia, pois, como se vê, ambos apresentaram candidatos não recifenses.
Em Olinda, a questão se repete com a mesma expressão da capital.
Os três últimos prefeitos não são olindenses.
Jacilda Urquiza é de Bom Conselho; Luciana Santos, do Recife; e Renildo Calheiros, de Murici (Alagoas).
Nos demais municípios, só analisando o quadro atual de prefeitos, percebe-se que, com raras exceções, a regra se confirma, quase todos nasceram fora do município que representam.
O prefeito de Jaboatão, Elias Gomes, que comanda o segundo município mais importante da RMR, nasceu no Cabo de Santo Agostinho; Ives Ribeiro, de Paulista, é de Igarassu, Ettore Labanca, de São Lourenço, é de Recife, Gesimário Baracho, de Igarassu, é de Arassoiaba.
Os municípios mais distantes da capital e os menores ainda elegem, em sua maioria, políticos locais, mas também aí essa característica não é condição primordial para se escolher um candidato.
Lula Cabral, prefeito do Cabo, nasceu no município que representa assim como Flávio Gadelha, de Abreu e Lima; Pedro Serafim, de Ipojuca; Cal Volia, de Itapissuma, Edvard Bernardo, de Moreno, para citar alguns.
Mas a maior prova de que é possível alguém nascido em um município se eleger por outro está nos exemplos de Elias Gomes, que governou o Cabo, onde nasceu, e foi eleito prefeito de Jaboatão e Ives Ribeiro, prefeito de Paulista, que antes governou os municípios de Itapissuma e o seu próprio, Igarassu.
Ives, mesmo criticado pela itinerância, nunca deixou de ganhar eleição por conta do local de nascimento.
Teve os votos das três cidades, independente disso.
Na verdade, embora separados pelas fronteiras nem sempre identificadas, os municípios da RMR têm características comuns.
São, inclusive, vítimas dos mesmos problemas urbanos como transportes públicos deficientes, morros íngremes que desabam com as chuvas e onde os pobres se penduram como podem, falta de esgotos, deficiências na educação e na saúde, etc.
Mas é comum a todos também uma grande riqueza cultural que se expressa de forma mais clara no carnaval onde recifenses, olindenses, jaboatanenses, cabenses, ipojucanos, camaragibenses, abreuelimenses, paulistenses, todos enfim, ganham as ruas em blocos ou acompanham o famoso Galo da Madrugada.
CURTAS Alianças em marcha Não é só o prefeito de Jaboatão, Elias Gomes, entre os eleitos pela oposição, que está buscando alianças com partidos governistas para se reeleger ou eleger o sucessor.
Do litoral ao sertão quase todos os oposicionistas tentam de alguma forma ampliar o palanque com legendas de situação.
Como há três pré-candidatos a governador na base do Palácio das Princesas – Armando Monteiro, Humberto Costa e Fernando Bezerra já que o quadro da oposição não está definido – não vai ser difícil a composição com algum desses citados.
BR-232 Passados os primeiros quatro anos e já no quinto de administração do governador Eduardo Campos ainda não se tem um projeto de manutenção da Br-232.
Quem se deslocou para Bezerros neste carnaval sentiu os estragos causados por buracos em grande parte do percurso da rodovia.
Isso sem falar na capinação que não foi feita ao lado da estrada e da falta de iluminação.
Todo o trecho de Gravatá está às escuras.
Polêmica Causou grande alvoroço a retirada do crucifixo da sala ocupada pela presidente Dilma no início do seu mandato.
O Palácio do Planalto explicou que a peça pertencia ao ex-presidente Lula e teria sido levada por ele para sua residência.
Esta semana o jornalista Cláudio Humberto revelou que o crucifixo teria sido dado a Lula por um empresário mineiro.
Pois bem, circula na Internet uma imagem de Itamar, como presidente, despachando na mesma sala de Dilma com o mesmo crucifixo afixado na parede.
Ou o crucifixo já estava lá há tempos ou se trata de duas peças iguais, o que é muita coincidência.