Alencar Izidoro e Rogério Pagnan, da Folha de São Paulo Após mais de três anos de atraso e um Carnaval com disparada de mortes, as rodovias federais devem receber a partir deste mês a prometida leva de lombadas eletrônicas e radares fixos para tentar reduzir os acidentes.

A contratação de 2.696 equipamentos para flagrar excesso de velocidade, avanço de semáforo vermelho e parada sobre a faixa de pedestre foi firmada pelo Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) em dezembro de 2010.

O funcionamento deles, porém, só é previsto para começar nos próximos dias.

A justificativa é a necessidade de estudos técnicos e aferições.

Pelo contrato, válido por cinco anos, as empresas terão até 24 meses para completar a instalação de todos os radares e lombadas.

A fiscalização eletrônica na malha federal está precária pelo menos desde outubro de 2007, quando 321 lombadas eletrônicas foram definitivamente desligadas devido ao término do contrato.

A interrupção dos serviços é citada por especialistas como um agravante para os acidentes e mortes nas estradas.

O país deve atingir em 2011 os maiores índices de violência registrados pela Polícia Rodoviária Federal em Carnavais de oito anos para cá.

O balanço até a 0h de ontem somava 189 mortes, 32% mais que no feriado completo de 2010 (a estatística ainda subirá porque falta computar os casos até a 0h de hoje).

Os novos equipamentos de fiscalização eletrônica atingem as rodovias que seguem sob administração federal -e não as privatizadas, que representam 7% da malha.

Desde que as lombadas do Dnit foram desligadas, em 2007, a fiscalização eletrônica nas estradas federais depende de poucos e obsoletos aparelhos da Polícia Rodoviária, além de radares em rodovias privatizadas fornecidos por concessionárias.

A PRF tem só 80 radares móveis e 500 portáteis –em formato de pistola, muitos com problemas e hoje só usados em casos excepcionais.

Para piorar, a instituição teve queda de contingente –de mais de 10 mil, há três anos, para os atuais 9.100.

Dados do Dnit já apontaram redução de 69% de mortes onde houve a instalação das lombadas dez anos atrás.

Após elas serem desligadas, duas tentativas de novas contratações fracassaram.

A última licitação foi lançada em 2009 e previa os radares em fevereiro de 2010 –mas só agora eles vão operar.