Maria Clara Cabral e Gabriela Guerreiro, da Folha de São Paulo A maioria dos deputados e senadores do PSB apoia a fusão do partido com a nova legenda que o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, pretende criar.

A Folha ouviu 32 dos 34 congressistas da sigla e 29 deles, ou 90%, defendem a fusão rápida ou veem com simpatia a ideia.

Apenas três são contrários.

O principal argumento dos favoráveis é que a articulação fortalecerá o PSB e dará mais condições para que o presidente nacional da sigla, o governador Eduardo Campos (PE), dispute a presidência da República. “É muito importante a vinda dele [Kassab].

A gente vai se estruturar mais na região Sudeste”, afirma o deputado Gonzaga Patriota (PE). “Nenhum partido sobrevive sem ambição de poder”, diz Ribamar Alves (MA).

Dos 29 favoráveis, 21 defendem abertamente a ida de Kassab para o PSB.

Outros oito congressistas, mesmo declarando estarem em “dúvida”, demonstram simpatia ao democrata. “O que eu posso dizer é que um prefeito da cidade do porte de São Paulo amplia qualquer partido”, afirma a senadora Lídice da Mata (BA).

A diferença de identidade entre Kassab, hoje em um partido de direita (DEM), e o PSB, um partido com ideais socialistas, é a principal preocupação dos três parlamentares que são contra a fusão.

A ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina ameaça, inclusive, deixar o partido caso a ideia se concretize. “Pela incompatibilidade, incoerência que isso representaria.

Eu seria uma estranha no ninho”, explica.

Erundina ressalva que nem foi procurada por Campos e diz também que nem sempre o crescimento é positivo. “Cresce, mas cresce inchando.

O inchaço é doença e doença mata.” Favorável à ida do prefeito para o PSB, o senador Rodrigo Rollemberg (DF) minimiza a diferença entre as bandeiras partidárias. “Os eleitores do Brasil hoje são de centro.

O importante é se o político é bom administrador, não se o partido é de direita ou de esquerda.” Para o deputado Dr.

Ubiali (SP), “não existem mais partidos de esquerda ou de direita” no Brasil.

Os outros deputados contrários são Ariosto Holanda (CE), que classifica o atual cenário político como uma “geleia geral”, e Gabriel Chalita (SP), que tem ambições de disputar um cargo no Executivo em São Paulo.

Defensor de Kassab, o deputado Ribamar Alves (MA) afirma que “a ambição pessoal não pode estar acima da ambição partidária”.

DRIBLE A possibilidade de criar um novo partido para depois se fundar com o PSB foi articulada por Kassab como forma de driblar a regra da fidelidade partidária.

Apenas mudando de legenda, ele poderia perder o seu mandato. “Se isso for uma burla, não será a primeira”, afirma Abelardo Camarinha (SP), um dos defensores da ida de Kassab para o partido.

Já Erundina diz que ele estaria burlando a lei. “Porque a lei assegura que alguém possa sair do seu partido para ir para um novo partido se esse partido fosse realmente pra valer.” Kassab deve deixar o DEM até o dia 30 de março.

Um dos nomes avaliados para o novo partido é PDB (Partido Democrático Brasileiro).

A intenção é ganhar um palanque para se candidatar ao governo do Estado em 2014.

Outros nomes, como o vice-governador Guilherme Afif Domingos, devem segui-lo.