Jamil Chade, do Estadão GENEBRA - " O Brasil está começando a se redimir do fato de ter apoiado tanto ditadores nos últimos anos “.
A declaração é da prêmio Nobel da Paz, a iraniana Shirin Ebadi, que nesta segunda-feira foi recebida em um almoço pela diplomacia brasileira em Genebra, algo que ela mesmo diz que acreditava ser “impensável” durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Nesta terça, em entrevista ao Estado, a dissidente que foi declarada como uma das maiores opositoras do regime Mahmoud Ahmadinejad, pediu que o Brasil não use uma nova retórica de direitos humanos apenas “como mais uma estratégia política” e que, desta vez, seja coerente com o estado democrático que representa.
Eis os principais trechos da entrevista: A sra foi recebida pela diplomacia brasileira.
A sra.
Considera isso como uma mudança na posição do País em direitos humanos?
Vou contar uma coisa.
Há poucos anos, quando o presidente Lula visitou o Irã, grupos de oposição pediram para se reunir com ele.
Havia inclusive um sindicalista preso e que teve seu grupo de apoio procurando a delegação brasileira.
Afinal, tanto Lula como a vítima da opressão eram sindicalistas.
Mas Lula decepcionou todo o povo iraniano.
Desembarcou em Teerã, apertou a mão de Ahmadinejad, comemorou vitória e deixou o povo nas mãos de um dos regimes mais brutais do mundo hoje.
Portanto, acho que eu ser recebida pelo governo brasileiro é sim um grande passo e na direção certa.