Da Assessoria O varejo da Região Metropolitana do Recife (RMR) começou 2011 registrando um crescimento de 8,59%, na comparação com igual mês (janeiro) do ano passado.
Este dado é o resultado da primeira pesquisa conjuntural do comércio realizada pela Fecomércio/PE neste ano.
O resultado foi fortemente afetado pelo bom desempenho dos ramos móveis e decorações, lojas de utilidades domésticas e concessionárias de veículos.
Mas mesmo sem participação das concessionárias, as vendas aumentaram quase 6,5%, indicando a continuidade do crescimento registrado em 2010. “A boa performance tanto do ramo de móveis quanto de utilidades domésticas dá continuidade aos bons resultados registrados no ano passado e certamente está ligada a evolução do mercado imobiliário”, explica o consultor da Fecomércio, Luiz Kehrle.
Por sua vez, o consultor explica que o desempenho das concessionárias é somente uma etapa a mais de um já longo processo de crescimento, em decorrência do aumento dos rendimentos, especialmente dos consumidores de rendas baixa e média, do aumento do crédito, alongamento dos prazos de financiamento e queda das taxas de juros em comparação com o passado recente.
Em relação a dezembro todos os ramos, a exceção das livrarias e papelarias, apresentaram retração nas vendas.
Trata-se, no entanto, de um resultado que reflete tão somente a sazonalidade do varejo, que tem em dezembro o mês de maiores vendas.
Os ramos de vestuário/tecidos, calçados e móveis e decorações apresentaram as maiores quedas na comparação com dezembro, o que é explicado pelo fato que são ramos cujas vendas crescem muito no final do ano.
O comportamento das livrarias e papelarias também é um resultado decorrente de fatores sazonais: as vendas concentram-se mais nos meses de janeiro e fevereiro, e um pouco em junho, em função do calendário escolar.
A massa salarial acompanhou o comportamento do faturamento, caindo cerca de 28% na comparação com dezembro e crescendo cerca de 9% quando contrastada com janeiro do ano passado.
O nível de emprego cresceu quase 5% em relação a janeiro e praticamente não se alterou quando comparado com dezembro, indicando que grande parte das empresas não dispensou a mão de obra temporária contratada para o fim de ano.
PROGNÓSTICO - Fevereiro terminou em meio a um arrefecimento das expectativas de desempenho da economia brasileira em 2011.
As previsões de expansão do PIB caíram para uma média de cerca de 4% e as apostas sobre a taxa de crescimento dos preços estão rapidamente se aproximando de 6%, já bastante próximo de 6,5%, que é o limite superior da meta inflacionária.
Para José Fernandes de Menezes, também consultor da Fecomércio/PE, o comprometimento do governo com o corte de R$ 50 bilhões nos gastos orçamentários e a aprovação do salário mínimo de R$ 545,00 não foram suficientes para evitar a deterioração das expectativas de modo que o Banco Central deve persistir na sua política de combinação de medidas prudenciais com o aumento substantivo da taxa de juros Selic. “A continuidade da atual política torna-se ainda mais provável em função do aumento das incertezas da economia mundial, em decorrência das rápidas e radicais mudanças que estão ocorrendo no mundo mulçumano, que já têm como conseqüência imediata a volta do preço do barril de petróleo para o patamar dos cem dólares”, reforça José Fernandes.
Nesse novo cenário, mantemos o nosso prognóstico de início de ano de que em 2011 terá continuidade o ciclo de crescimento das vendas do varejo da RMR, mas reduzimos a previsão para 6%.
Embora em janeiro o comércio não tenha apresentado sinais de retração, se deve esperar ainda para o primeiro trimestre uma redução do crescimento da demanda.
Mas mesmo com o PIB nacional crescendo no entorno de 4%, como se aventa atualmente, é factível um acréscimo das vendas varejistas de cerca de um ponto acima do crescimento do PIB estadual em 2011, que se pode projetar presentemente como próximo de 5%.