Gerson Camarotti, em O Globo Ao jogar duro com a base aliada numa estratégia de segurar nomeações para cargos de segundo escalão, o governo Dilma Rousseff conseguiu no primeiro mês de funcionamento do novo Congresso uma adesão bem maior do que a média dos oito anos do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
Mas, dentro do Palácio do Planalto, a avaliação pragmática é que está na hora de iniciar a liberação dos cargos para evitar surpresas desagradáveis nos próximos meses.
Até porque deve aumentar muito o nível de insatisfação com o anúncio, hoje, do detalhamento do corte orçamentário de R$ 50 bilhões.
Levantamento feito pela consultoria Arko Advice com base nas oito votações nominais e abertas que aconteceram na Câmara e nas três do Senado mostra que Dilma obteve apoio expressivo nas duas Casas em fevereiro e não apenas na votação do projeto de lei que estabelece o salário mínimo em R$ 545.
No caso da Câmara, também foram analisadas votações de medidas provisórias.
Os dados agradam ao Palácio do Planalto.
Apesar de a adesão registrada ser menor do que o número total de parlamentares governistas, dissidências já eram esperadas pelos articuladores políticos do governo.
Na Câmara, os aliados somam 373 votos, o equivalente a 72,70% do total.
No Senado, são 61 aliados, o que corresponde a 75,30%.
Mas, entre os deputados, a média de apoio em fevereiro foi de 63,84%.
Uma diferença de 8,86%.
No Senado, a média foi de 50,46%, diferença ainda maior: 24,84%, segundo dados da Arko Advice. - De qualquer forma, esse resultado ficou acima da média verificada na gestão Lula (2003-2010).
O apoio médio do ex-presidente na Câmara foi de 51,37% e, no Senado, de 48,66% - observou o cientista político Cristiano Noronha, da Arko Advice.