Andréia Sadi, do iG Com a saída dos senadores Ideli Salvatti e Aloizio Mercadante para a Esplanada dos Ministérios , o governo de Dilma Rousseff contará nesta legislatura com uma nova- e maior- tropa de choque na Casa que estreia na votação do salário-mínimo desta quarta-feira (23).
Novatos como Gleisi Hoffmann (PR), Humberto Costa (PE) e Marta Suplicy (SP), por exemplo, são os nomes do PT dispostos a defender os projetos do Planalto e brigar com a oposição em nome do governo. “Tropa de choque é meio forte porque eu sou da paz.
Mas sou governista até a médula”, brincou Gleisi. “Eu me elegi com o compromisso de ajudar o projeto Dilma”, completou a senadora ao iG.
Em projetos e votações polêmicas, o governo costuma articular junto ao Congresso para colocar nomes da chamada “tropa de choque" em postos-chaves de comissões e relatorias.
Líder do PT no Senado, Costa rejeita o rótulo, mas afirmou que este grupo de parlamentares vai defender o governo em medidas “populares ou impopulares”. “O compromisso é defender o governo em qualquer circunstância”, explicou ele ao iG.
No caso do salário-mínimo no Senado, por exemplo, o Planalto trabalhou para que Romero Jucá (PMDB-RR), líder do governo no Senado, assumisse a relatoria do projeto.
Com isso, a base aliada dificulta eventuais mudanças no projeto que contrariem o cronograma da presidenta Dilma Rousseff.
Além do veterano Romero Jucá, o PMDB garante nos próximos quatro anos no governo mais um aliado de todas horas na Casa.
Eleito para a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) diz que está disposto a trabalhar sempre junto ao governo. “A minha posição no Senado é a minha posição nas ruas: eu defendo o projeto Dilma e vou defender sempre que precisar”, afirmou o senador.
Já a oposição considera cedo para definir os nomes que defenderão “o governo a qualquer preço”, como avaliou o líder do PSDB, Álvaro Dias (PR). “Esse entusiasmo de Gleisi, Marta e outros é entusiasmo de principiante.
Precisamos de um tempo para definir a nova tropa do governo”, disse ele.
Eleita pelo PT de São Paulo, Marta já demonstrou publicamente que será defensora ferrenha do governo Dilma até nos mínimos detalhes.
Na semana passada, ela chegou a repreender o presidente do Senado, José Sarney, porque o peemedebista usou o termo “presidente” e não “presidenta”, como prefere Dilma, para se referir a chefe do Executivo.
Após o episódio, Marta disse que “não foi adequado” e que conversou com Sarney.
A postura de Marta provocou ironias da oposição: “Do jeito que @MartaSenadora corta o tempo dos pronunciamentos, daqui a pouco, senadores, teremos de falar em 140 caracteres”, postou no Twitter o senador Aloysio Nunes (PSDB-SP), na semana passada.
No governo Lula, Ideli Salvatti foi chamada pela oposição de “cão de guarda” do governo no Senado.
Hoje ministra da Pesca, ela defendeu publicamente senadores acusados de desvios e irregularidades, como Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Sarney (PMDB-AP).