Ao comentar a reunião dos governadores do Nordeste com a presidente Dilma Rousseff, realizada ontem em Sergipe, o senador Armando Monteiro (PTB) defende que os cortes de R$ 50 bi no Orçamento Geral da União, anunciados recentemente pelo Governo Federal, não afetem os investimentos na Região. “Os cortes têm de ser seletivos.

Por exemplo, as obras de infraestrutura no Nordeste dependem fundamentalmente de dinheiro público”.

Armando também compara os diferentes estilos da atual presidente e do ex-presidente Lula, mas ressalta que “Dilma tem compromisso com as linhas programáticas do governo que Lula inaugurou”.

Armando também condena a discussão em torno da recriação de um novo tributo para financiar a saúde, tema também levantado na reunião de ontem com os governadores, e aponta que o “Brasil precisa de mais gestão e de menos impostos”.

Dilma e o Nordeste A visão que ela traduziu no pronunciamento, quando se fala em melhorar os indicadores sociais e erradicar a pobreza, você tem que focar sobretudo as regiões que tem ainda indicadores mais deprimidos, como o Nordeste.

Porque é que o Nordeste responde tão positivamente à ampliação dos programas sociais, à política do salário mínimo, porque aqui é que você tem uma parcela da população que depende mais diretamente dessas ações.

Então não seria justo, não seria razoável, que no momento em que você vai promover cortes nos programas governamentais, que faça um corte cego, linear.

Os cortes têm de ser seletivos.

Os cortes tem de levar em conta em que região o dispêndio governamental é mais importante em termos relativos.

E é muito mais importante no Nordeste.

Por exemplo, as obras de infraestrutura no Nordeste dependem fundamentalmente de dinheiro público.

No Sul, há muitas obras de infraestrutura que já contam com participação do investidor privado.

Então, como imaginar que se possa completar essas obras sem a manutenção dos investimentos públicos?

Por outro lado, como ampliar os programas sociais sem que seja através do gasto governamental?

Então é muito importante que a presidente tenha essa visão.

E cabe aos governadores do Nordeste cobrarem isso.

Se o país vai ter que apertar o cinto não é justo submeter as regiões menos desenvolvidas ao mesmo regime, ao mesmo tratamento, que as demais regiões do país.

Proposta de recriação da CPMF Eu sou contra, sempre fui contra, à criação de qualquer outro imposto no país.

O Brasil já tem uma carga tributária insuportável.

O que nós precisamos é melhorar a qualidade do gasto nessa área.

Nós precisamos de mais gestão, de um padrão de gestão mais eficiente na área de saúde.

Veja que, quando você adota um modelo adequado e quando você faz uma ação focada, com compromisso em aplicar melhor os recursos, os resultados aparecem.

Então o problema hoje no Brasil nós termos de inverter, nós temos de fazer mais com menos.

Nós temos de cuidar da qualidade do gasto para, a partir daí, definir as necessidades de financiamento, e não achar que nós temos de aumentar imposto quando tivermos problemas em algumas áreas da administração pública.

Se isso fosse verdade nós precisaríamos criar impostos para socorrer várias outras áreas que infelizmente ainda apresentam um padrão de gestão e de resultados deficientes.

Veja os problemas da área de segurança pública, veja os problemas que ainda temos na área de educação.

Então o que o Brasil precisa é melhorar a gestão.

Eu não tenho, portanto, qualquer simpatia por essa tese, e estarei lutando para que isso não aconteça.

O Brasil não pode mais aumentar a carga tributária.

Os estilos de Dilma e Lula São dois estilos diferentes, o Lula se caracterizava por um enorme carisma, uma capacidade de comunicação fantástica e uma exposição maior à mídia.

O presidente Lula tinha um certo gosto por esta exposição.

A presidente Dilma, quem conhece, sabe que tem um outro perfil.

Ela é mais a gestora, ela valoriza muito a questão da administração, várias medidas ela já tem adotado no sentido de cobrar mais eficiência no gasto, contratou a fundação Dom Cabral, está implantando um novo modelo de gestão.

Há, por exemplo, um Conselho de Gestão e Competitividade que ela criou.

Em suma, ela te um perfil diferente.

Mas a presidente Dilma tem compromisso com as linhas programáticas do governo que o presidente Lula inaugurou.