Por Adriana Vasoncelos, em O Globo Depois de bater boca com o ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, por causa de ameaças feitas em meio as negociações para o preenchimento dos cargos de segundo e terceiro escalões do governo, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), garante que essa é uma página virada para ele.

Mas poucos acreditam que o esforço de Henrique Alves, para garantir que 100% de sua bancada ajudasse a aprovar o salário mínimo de R$ 545 na última quarta-feira, teve como objetivo apenas ajudar o governo a controlar as contas públicas.

Antes mesmo de exibir a unidade de sua bancada, o líder peemedebista já sinalizava que seu partido poderia usar esse trunfo tanto para votar a favor, como contra matérias de interesse do governo.

Após mostrar a força e o peso do PMDB na Câmara, Henrique Alves diz que vai esperar, sem ansiedade, o governo definir o espaço que caberá a cada partido na esfera federal.

Resta saber se a fidelidade demonstrada pelos deputados peemedebistas será mantida, mesmo que suas demandas _ já encaminhadas à presidente Dilma Rousseff há pelo menos 15 dias _ não sejam atendidas a contento.

A vitória maiúscula conquistada pelo governo em seu primeiro grande teste no Congresso deve ser comemorada claro, mas com cautela, pois seu futuro ainda é incerto no Legislativo.

Nos bastidores do Congresso, a aposta é que eventuais insatisfações dentro da base governista só serão sentidas na pele pelo Planalto a partir de julho.

Daí a razão do PMDB estar fazendo questão de manter uma relação amistosa com a oposição, que poderá lhe ser útil para dar sustos no governo, quando for de seu interesse, é claro.

Já o governo, por sua vez, tem como frear futuras rebeliões, dependendo do tratamento que dispensará nos próximos dias aos dissidentes da base governista na votação do mínimo.