Por Terezinha Nunes A presidente Dilma Rousseff, que já tinha anunciado um corte de R$ 50 bilhões nos gastos da União este ano, surpreendeu esta semana ao informar – via assessoria – que estão suspensos os concursos públicos em 2011 e até a contratação de concursados.
O que teria levado a presidente a agir desta forma quando, durante a campanha, era o próprio PT que, para aterrorizar os concurseiros, dizia que Serra eleito os concursos públicos teriam fim?
Claro que ninguém toma medidas impopulares por espontânea vontade.
O que Dilma está fazendo é tentar reduzir os efeitos do que já está sendo chamado de “herança maldita” que recebeu do seu antecessor e padrinho, o ex-presidente Lula.
As duas medidas acima citadas são apenas o começo, é o que já se comenta no meio político e empresarial do país.
Na verdade, a presidente autorizou um aumento da taxa de juros, para frear o consumo, e deve estar queimando as pestanas após a inflação dar sinais de que está voltando, quando fora quase banida pelo Plano Real .
Na verdade, Dilma recebeu de Lula, como registra a imprensa nacional, um passivo de R$ 11bilhões – contas a pagar – o orçamento engessado pelas despesas com pessoal e 24 medidas provisórias enviadas ao Congresso por Lula, grande parte destinadas a aumentar ainda mais a folha de pessoal com novas contratações.
O que teria levado o país a acordar desta forma, após oito anos de mandato do ex-presidente, ao qual presenteou com altíssimos índices de popularidade?
A resposta é uma só: excesso de gastos.
Só para citar um exemplo, as despesas da União cresceram 74,8% acima da inflação no segundo mandato de Lula, quando o mundo se encontrava em crise e aqui o presidente, para manter a popularidade, reduziu os impostos até mesmo da indústria automobilística para fugir do desemprego.
Enquanto isso, por não honrar os compromissos com os credores internos, sobretudo bancos, Lula promoveu uma explosão da dívida interna que, entre 2002 e 2010, pulou dos R$ 640 bilhões para R$ 1 trilhão e 650 bilhões, ou seja, quase triplicou.
Já a tão famosa Dívida Externa, que o ex-presidente anunciou ter quitado em 2007, ressuscitou em 2010.
Em 2007, para pagá-la, entregou-se R$ 212 bilhões ao FMI e outros credores.
No ano passado, porém ela chegou a R$ 240 bilhões, quase o mesmo valor de 2007.
Evidente, como aconteceu com a dívida externa, que esse desequilíbrio foi provocado pelos excessos do segundo mandato presidencial quando foi criado o PAC, mas, sobretudo, pelas torneiras abertas em 2010, ano da sua sucessão, quando Lula fez o que podia e o que não podia para eleger sua sucessora.
Só isso estaria impedindo a atual presidente de dar com a boca-no-mundo, no linguajar do homem comum.
E nem poderia, pois, como a mais importante auxiliar do ex-presidente, como afirmou o próprio Lula, Dilma assistiu a tudo isso sem reação, pelo menos pública.
Vai ser difícil, porém, segurar a barra para sempre porque as cobranças virão, como foi o caso da invasão do Congresso pelas centrais sindicais esta semana, cobrando um melhor reajuste para o salário mínimo.
A presidente foi obrigada a começar a usar a força e a ameaça sobre o Congresso muito antes do que esperava.
Novos cortes virão, sobretudo nas emendas parlamentares.
Também se fala na possibilidade de recriação da CPMF.
Com tudo isso em mira, não surpreenderá se a vaca for pro brejo, antes do que se imagina.
A não ser que o panorama internacional melhore, o que é muito pouco provável.
Freio de mão Assim como votou a favor do salário mínimo de R$ 545,00, não será surpresa se o deputado federal Raul Henry, que faz parte da corrente Afirmação Democrática do PMDB, votar outras vezes no Congresso de forma diferente do senador Jarbas Vasconcelos.
Ao contrário de Jarbas, que tem uma tribuna nacional, que é o Senado, e grande inserção na imprensa sulista, podendo conviver com o isolamento em seu partido, Raul poderia não sobreviver muito tempo neste cenário.
Além disso, com estes posicionamentos, que seriam pontuais, ele pode reduzir a resistência do PMDB nacional à dissidente direção pernambucana, afastando o fantasma de uma intervenção.
Apoio ao verde Da mesma forma que manteve até o fim seu compromisso com o deputado estadual Daniel Coelho, do PV, que indicou para líder da oposição, o PSDB continua prestigiando o novo aliado.
Daniel foi indicado pelo deputado Antonio Moraes (PSDB) para membro da influente Comissão de Justiça da Assembléia, na cota da oposição.
Moraes argumentou junto à mesa diretora da Alepe que o PSDB já tinha feito isso no Senado, cedendo uma vaga do partido na CCJ ao senador dissidente do PMDB, Jarbas Vasconcelos.
Primo pobre Com a elegância que lhe é peculiar, o senador Armando Neto enviou-nos uma nota em que afirma ser leitor assíduo desta coluna, mas contestando comentário da semana passada que falava do pouco espaço dos petebistas no Governo do Estado.
Segundo ele, o PTB se sente bem representado, mesmo ocupando apenas a Secretaria do Trabalho, Articulação e Empreendedorismo.
Armando diz que os trabalhistas “têm a segunda maior bancada na Alepe e na Câmara Federal e o segundo maior número de prefeitos”.
Foi exatamente por isso que a nota falou na pouca consideração com os trabalhistas .