A empresa pernambucana Brascon Empreendimentos e Participações, que está se instalando em Pombos, no Agreste de Pernambuco, promete em dois meses começar a quebrar um monopólio de 20 anos na área de tratamento de lixo hospitalar no Estado de Pernambuco.
Atualmente, apenas a empresa Serquipe oferece os serviços, para clientes como hospitais e clínicas, postos de saúde e até clínicas veterinárias, que são proibidos por lei de descartar o lixo hospitalar diretamente em aterros sanitários.
Quebrar o referido monopólio não será tarefa fácil.
Nos últimos anos, vários outros grupos tentaram o mesmo feito.
O grupo Vieira chegou a montar uma unidade no Cabo, mas depois fechou.
O grupo Attento tentou investimento semelhante em Moreno, mas também não deu certo.
Cerca de R$ 3 milhões entregues às baratas.
Além de Pernambuco, os empreendedores da Brascon estão montando uma unidade semelhante em Sergipe.
O anúncio oficial acontecerá na próxima semana. “Lá estamos sendo recebidos de braços abertos por todo mundo, em função da relevância social de nosso trabalho.
Aqui, lutamos há mais de 10 meses para colocar a fábrica para operar.
Esperávamos reação (da empresa concorrente), mas não tanto”.
Depois dos dois estados, a intenção é competir em todo o Nordeste.
Os sócios do empreendimento são profissionais liberais locais, sendo dois advogados e três médicos.
No caso dos médicos, a união não se trata de uma confraria, pois como são donos de clínicas, o investimento representa uma verticalização na produção.
Lembra o caso dos empresários da construção civil local que se juntaram para montar uma cimenteira em Suape, visando economizar com o preço do cimento.
Um dos sócios da empresa é o médico José Ricardo Carvalho, dono do hospital Santa Efigênia, em Caruaru.
O outro é o médico Armindo Moura, dono de uma clínica de radiologia no Recife.
Quando estiver em funcionamento, a Brascon irá receber o lixo hospitalar destas empresas, que hoje são clientes cativas da Serquipe.
Em Pernambuco, o investimento total da Brascon envolve recursos próprios da ordem de R$ 5 milhões, entre prédios e maquinário.
O empreendimento deve gerar cerca de 100 empregos diretos e indiretos, numa cidade pequena e pobre.
A empresa comprou os dois terrenos no distrito industrial de Pombos, que tem apenas três empresas atualmente.
Os empresários contam que o processo de autoclavagem (para tratamento e destino final de resíduos sólidos) é inédito em Pernambuco, com tecnologia europeia trazida pela multinacional uruguaia e parceira Aborgama, de quem compraram os equipamemtos.
A empresa já foi sócia da Serquipe na Bahia, antes de se desentenderem e romperem a parceria.
O processo de autoclavagem consiste no tratamento térmico do lixo.
Com altas temperaturas, são destruídos todos os agentes patogênicos. “Depois de processado a altas temperaturas, o lixo que sai da nossa fábrica é mais limpo do que qualquer lixo domiciliar.
Só então, depois de inerte, é que ele é levado a um aterro sanitário”.
No caso, os resíduos finais serão levados para serem descartados em Jaboatão ou Gravatá, cidades que já contam com aterros controlados.
De acordo com o sócio Waldemar Oliveira, a empresa terá capacidade para processar até 40 toneladas de lixo hospitalar por dia.
De acordo com os empreendedores, a produção de lixo hospitalar gira hoje em torno de 60 toneladas por dia, das quais a Serquipe teria condições de tratar até 25 toneladas por dia.
O restante é o mercado que a Brascon vai atrás.
Boa parte também é jogada em lixões, sem fiscalização da vigilância sanitária.
Quando estiver em operação, a expectativa de faturamento gira em torno dos R$ 1 milhão por mês.
Polêmica em Pombos A empresa já recebeu a licença prévia da CPRH e espera apenas a chegada dos equipamentos para começar a operar.
Não sem uma baita polêmica na Câmara Municipal de Pombos.
Em outubro do ano passado, o Ministério Público do Estado chegou a determinar que a CPRH se abstivesse de prosseguir com o licenciamento da empresa de resíduos hospitalares.
Na avaliação do MPPE em Pombos, a CPRH agride frontalmennte a legislação ambiental, pois para emprendimentos de alto impacto- caso de tratamento de resíduos hospitalares -exige-se a realização antecipada de um estudo de impacto e posterior audiência pública, para depois se decidir sobre a emissão de licença prévia. “Não fazemos incineração.
Fazemos autoclavagem”, explica Waldemar Oliveira. “Mesmo que fosse o caso de discutir juridicamente este ponto, a proibição veio posteriormente às nossas licenças, que são um ato jurídico perfeito”, diz Waldemar Oliveira.
No caso, a Brascon atribui a concorrente às intrigas políticas na Câmara Municipal de Pombos. “Eles não devem estar gostando da novidade.
Hoje é uma maravilha para eles.
Sem concorrentes, são dispensados de concorrência, mas esta realidade vai mudar”, prometem os sócios.
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