No site Congresso em Foco A Câmara vota nesta quarta-feira (15) o valor do salário mínimo para 2011 e a política de reajustes do piso até 2015, o primeiro grande desafio do governo Dilma Rousseff (PT) no Congresso.

A expectativa entre líderes da base aliada e até da oposição é de que o governo vença o embate, consiga aumentar o mínimo para R$ 545 e colocar em lei reajustes anuais que considerem a inflação e o crescimento do PIB, o que levaria o piso para R$ 616 no ano que vem.

Com isso, sairiam derrotadas as centrais sindicais, que prometem pressionar até o último momento por um mínimo de R$ 560, e a oposição, que ainda tenta ampliar o número de dissidentes entre os governistas. “Se fosse hoje [ONTEM, 15], o governo ganhava”, disse o ex-líder do DEM Onyx Lorenzoni (RS).

O líder do PSDB, Duarte Nogueira (SP), afirmou ignorar se será desta vez que as insatisfações na base levarão a uma derrota de Dilma.

O líder do governo, Cândido Vaccarezza (PT-SP), apostou em uma vitória tranquila e folgada. “É R$ 545.

Não vai ter surpresa nenhuma”, afirmou ele ao Congresso em Foco depois da reunião com os aliados, na qual identificou que só PDT e o PSB não estariam de braços dados com os dilmistas.

O clima nos bastidores na Câmara ontem não refletia os sindicalistas que foram à Casa protestar por um salário maior, enquanto vaiavam a presença do ministro da Fazenda, Guido Mantega, no plenário para debater o piso com entidades sindicais e dos municípios.

Os motivos da provável vitória de Dilma no Congresso incluem o temor dos parlamentares da base em brigarem com o Executivo, perdendo a indicação de aliados para o segundo escalão e a liberação das emendas.

Eles avaliam ainda que os problemas enfrentados por eles no momento não é tão grande a fim de merecer “dar um recado” a Dilma pelos cortes orçamentários ou o represamento de nomeações de apadrinhados.

Com o salário mínimo elevado nos últimos anos acima da inflação e com a perspectiva de superar os R$ 600 daqui a dez meses, seria gastar energia à toa.

Eventuais perdas com o eleitorado ainda poderiam ser compensadas daqui a um ano meio, antes das eleições municipais. “Eu ganhei muitos votos com essa política do salário mínimo”, acrescentou o líder do PMDB, Henrique Alves (RN). “A proposta dos R$ 560 é boa, mas tem de saber se o governo vai achar isso.

Como a gente é governo, tem de acompanhar o governo nas alegrias e na dor”, disse o líder do PR na Câmara, Lincoln Portela (MG).

O vice-líder do PMDB Gastão Vieira (MA) é um dos que defendem o fim das brigas com o governo para não azedar a relação com Dilma e os petistas. “O partido está com os cargos em cima da mesa, já teve esse contencioso com o Eduardo Cunha [PMDB-RJ], aí o partido vem aqui e divide no meio com o vice-presidente da República, articulando e votando contra o salário mínimo?”, analisou ele.

O “contencioso” ao qual Gastão se refere foi a negativa de Dilma a aceitar a indicação do deputado fluminense para o comando de Furnas.

Do lado petista, há mais do que a convicção de que os aumentos futuros estão garantidos.

Na reunião da bancada que decidiu o apoio ao mínimo de R$ 545, houve o alerta de que entrar em uma briga por R$ 15 a mais seria municiar a oposição contra a presidente Dilma, minando sua popularidade. “Se o voto contrário a esse mínimo significa dizer que a Dilma não é comprometida com quem ganha salário mínimo, isso é uma coisa que não pode passar simbolicamente na disputa política”, avaliou o ex-líder do governo Henrique Fontana (PT-RS).