Editorial do JC A agonia de pacientes à espera de órgãos para transplantes pode ser mortal para a maioria, quando os doadores não aparecem. É isso o que pode acontecer em nosso Estado em 2011.

A Central de Transplantes de Pernambuco (CT-PE) registrou em janeiro apenas três doações múltiplas de órgãos – em 2010 foram oito, no mesmo período.

Enquanto no primeiro mês do ano passado foram realizados 11 transplantes de fígado, este ano foram somente dois, contrariando em muito a expectativa de 15 procedimentos, de acordo com a coordenadora de transplante do Hospital Oswaldo Cruz, Mércia Ramos.

Na sétima posição no ranking nacional de transplantes, com 764 procedimentos no ano passado, Pernambuco conta com milhares de pessoas na fila da esperança por uma nova vida.

Dos 3.273 pacientes nesta lista, mais de 1.800 aguardam um rim novo, e quase 1.200 precisam de córneas.

Em seguida vêm 266 demandas por doações de fígado, 30 de medula óssea e sete de coração.

O resultado de janeiro é o pior da década, e mostra uma preocupante tendência de redução nos últimos anos.

A principal dificuldade para o aumento do número de doadores, segundo os especialistas, é o baixo nível de informação a respeito do assunto.

A solidariedade é deixada em segundo plano na hora do sofrimento agudo dos familiares, que têm que lidar com o desaparecimento de entes queridos, e dar conforto e amparo para os que necessitam.

Nem sempre a estabilidade emocional é capaz de ajudar no momento de decisão, logo após a notícia da morte.

Por isso se torna urgente, em face da estatística que aponta a queda de doações no Estado, a reedição de campanhas de comunicação, com o objetivo de estimular a conscientização prévia de indivíduos e seus familiares, em favor do último e grandioso gesto em defesa da vida: o gesto solidário da doação de partes do corpo que podem fazer a diferença entre a vida e a morte para aqueles que padecem de doenças graves.

Leia mais no JC