O estudo Homicídios no Nordeste Brasileiro, elaborado pelo cientista social José Maria Azevedo, da UFPE, atualmente trabalhando como pesquisador na Universidade Federal de Campina Grande, trata, entre outros temas, da ligação da violência com os anos de estudo.

Os números ajudam a explicar a comoção que o jovem Alcides Nascimento acabou gerando, com sua morte violenta e trágica.

A leitura dos dados dá uma ideia também do peso e da responsabilidade que repousa sobre os ombros do novo secretário de Educação, Anderson Gomes.

Seu sucesso significa menos perdas de vida.

Um bom tema para leitura neste momento que começam as discussões salariais entre governo e sindicato da categoria.

Pelo menos para os homens de boa vontade.

Veja o trecho citado.

Lá embaixo, para quem não leu, segue a íntegra do documento, já divulgado com exclusividade pelo Blog de Jamildo.

Escolaridade é outra variável independente importante nos estudos sobre os homicídios.

Analisando-se o gráfico abaixo, observa-se que houve menos vitimização por homicídios quando se tem mais de 12 anos de estudo.

Entre 8 e 11 anos de escolaridade a vitmização apresenta certa estabilidade até o ano de 2005.

A partir daí, inicia-se uma tendência de crescimento - com exceção de 2005 - nos anos subsequentes da série histórica.

No início da série, em 1999, 67 pessoas foram assassinadas com grau de escolaridade entre 8 e 11 anos.

Em 2007, final do período analisado, foram computados 349 assassinatos, ou seja, mais de 500% de incremento na série temporal para aqueles que possuem entre 8 e 11 anos de escolaridade.

Os níveis entre 4 e 7 anos de escolaridade vêm em terceiro lugar como o grupo mais vitimado até o ano de 2003, quando praticamente se nivela com as vítimas com nenhuma escolaridade.

A partir de 2001, há uma tendência contínua de crescimento de mortes por agressão de pessoas que possuem entre 4 e 7 anos de estudo, destacando-se os anos entre 2004 e 2007, quando os homicídios tiveram um aumento de 284% nesta categoria de escolaridade.

Em suma, pode-se concluir que a baixa escolaridade tem uma significativa relação/associação com os homicídios em Pernambuco .

Já no que tange ao estado civil, os solteiros são bem mais vitimados que os casados e estes são mais atingidos que os viúvos.

Os separados judicialmente são também menos atingidos.

A título de exemplo, no ano de 2006, 64% dos vitimados eram solteiros; 12% dos casos eram casados; e viúvo, separado judicialmente e outros corresponderam a 22% dos casos em termos de números absolutos (SIM/DATASUS, 2008).

Em Pernambuco, a idade média de nupcialidade é de 30 anos entre os homens e de 26,3 anos entre as mulheres (IBGE, 2003), apontando para um fator etário importante: os homens jovens solteiros são mais atingidos e o grupo mais vitimado está abaixo dos 30 anos de idade e acima dos 15 anos, como foi visto na análise das mortes por agressão versus faixa etária.

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Violência é cada vez maior entre os jovens Os Homicídios no Nordeste Brasileiro