Da Folha de S.
Paulo A presidente Dilma Rousseff determinou que a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) amplie a investigação de pessoas indicadas a cargos públicos.
Uma das atribuições do órgão é produzir relatórios com a ficha criminal dos indicados.
Antes, o “Levantamento de Dados Biográficos” produzido pela agência era limitado quase que exclusivamente aos 435 cargos de confiança com maior salário, ocupados quase sempre por secretários e assessores especiais dos ministros.
Agora, a presidente determinou que se investigue também outros 2.244 servidores que ocupam funções intermediárias.
Com o novo escopo, as avaliações vão de cargos com salários que variam de R$ 4.000 a R$ 11 mil.
A Folha apurou que, apesar do aumento da demanda, há reclamações sobre a qualidade dos dados.
Integrantes do governo dizem reservadamente que, em alguns casos, a Abin parece nem sequer pesquisar no Google o histórico dos investigados.
Os levantamentos trazem dados de processos e inquéritos criminais, títulos protestados e cheques sem fundo. É feito com base em consultas em sistemas como o Infoseg (rede de informações do Ministério da Justiça), polícias e órgãos como Detrans.
Dentro da agência, também há queixas sobre o aumento dos pedidos.
Sob anonimato, funcionários da Abin dizem que, além de pendências judiciais, o Planalto pede um mapa dos principais aliados e adversários dos indicados -levantamento que agentes alegam não ter condições de fazer.
Agentes ouvidos pela Folha afirmaram que a equipe designada conta com apenas três servidores.
A Abin, o GSI (Gabinete de Segurança Institucional, órgão ao qual a agência está subordinada) e a Presidência da República não comentaram os problemas relacionados à atividade.