Por Carlos Cardoso Filho A 55 Km do Recife e com uma população de apenas 80.500 habitantes o Município do Ipojuca tem tudo para ser um dos melhores lugares para se viver em Pernambuco e no Brasil, mas, infelizmente, não o é.

Bem servido pela natureza com recorte litorâneo que proporcionou a instalação do Porto de Suape e de tudo que nele funciona e produz riquezas, e possuindo as mais belas praias do Brasil, como por exemplo, Porto de Galinhas, Serrambi, Muro Alto e Cupe Ipojuca tem os atrativos mais procurados tanto por brasileiros quanto por estrangeiros do mundo inteiro.

Com a segunda maior movimentação econômica de Pernambuco, só menor que a do Recife em valores nominais, porque quando se faz a conta proporcional, Ipojuca deixa todos os demais municípios pernambucanos bem para trás economicamente, o PIB per capita ipojucano é de R$ 84.405,26.

O segundo é do Recife que é de R$ 14.485,67.

O PIB per capita indica o volume de riquezas que é gerado no território de determinado lugar dividido pela população ali existente.

O do Município do Ipojuca (R$ 84.405,26) chega a ser 8,6% maior que o dos Estados Unidos da América (em dólares US$ 46.300,12, que em reais vale R$ 77.714,55, pela cotação do câmbio de 1 dólar para 1,68 reais).

Sob uma atmosfera de enorme crescimento econômico e grande geração de riquezas, o cidadão ipojucano amarga um dos piores IDHs do Estado.

Na Região Metropolitana do Recife-RMR, o rico Ipojuca apresenta o penúltimo IDH (0,658) que só consegue ser um pouco maior que o IDH do pobre Município de Araçoiaba (0,637).

O IDH é o índice que mede o desenvolvimento humano de cada lugar, com base na expectativa de vida ao nascer e na educação, por exemplo.

O IDH do Ipojuca, contraditoriamente à sua força econômica e pujança, é igual ao do Sri Lanka, país pobre do continente asiático que conta com um PIB per capita de apenas R$ 6.546,15.

Ou seja, a qualidade de vida no Município do Ipojuca é comparada à de um pobre país asiático (Sri Lanka) que produz riquezas à razão de apenas 7,7 % do que é produzido em solo ipojucano.

Se a economia do Município é forte, a receita pública local não fica para trás.

O valor que a Fazenda Pública do Ipojuca arrecada com os tributos municipais proporcional à população local é de R$ 905,80 por ipojucano, e é o maior do Estado de Pernambuco.

A segunda receita arrecadada por habitante fica com o Recife e é de apenas R$ 467,04.

Como não faltam recursos financeiros à disposição do Município, por que razão Ipojuca continua prestando maus e insuficientes serviços públicos ao seu povo?

Será que é por conta de orçamentos que priorizam gastos em atividades meio (consultorias, assessoriais e publicidade) em detrimento de investimentos em atividades fim (serviços públicos essenciais)?

Certamente, a inquietude diante desse paradoxo e o grito dado através dessas palavras residem no fato de não ter me acostumado - durante os 16 anos em que exerço o cargo de auditor tributário - a ver o nosso Ipojuca como perdedor oficial.

Deve ser a força da expressão da natureza que insiste em brilhar nessa terra ipojucana e a beleza de seu povo que me tenham dificultado aceitar os enormes e gritantes contrastes que aqui tive a tristeza de relatar.

No Ipojuca, temos ótima gente, as melhores praias do Brasil, e um porto geograficamente bem localizado e com calados (distância vertical entre a superfície da água e a parte mais baixa do navio) de aproximadamente 15,5m na parte interna e 20,0m na parte externa.

Ou seja, podemos receber turistas do mundo inteiro, e podemos atracar enormes navios.

Mas o nosso grande desafio ainda é ter um governo municipal que garanta ao ipojucano o que é de Ipojuca: sua riqueza.

Porque pior que querer fazer e não poder é poder fazer e não querer.

PS: Carlos Cardoso Filho é Auditor Tributário do Ipojuca e Integrante da Associação Pernambucana dos Fiscos Municipais – APEFISCO